FecomércioSP aponta que inflação e incertezas sobre política fiscal fizeram Selic subir
Inflação de fevereiro foi muito significativa para decisão do comitê; aumento dessa magnitude será o último de 2025, prevê Entidade

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não teve alternativa senão elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual. A decisão, anunciada nessa quarta-feira (19), reflete tanto o cenário inflacionário interno quanto as incertezas que crescem em relação à política fiscal e ao ambiente internacional, marcado pela presidência de Donald Trump nos Estados Unidos. Com isso, o Brasil continua com a quarta maior taxa de juros nominal do mundo, agora em 14,25% ao ano.

No cenário doméstico, a inflação segue pressionada. Em fevereiro, o IPCA subiu 1,31%, registrando a maior alta para o mês em mais de 20 anos. Embora o resultado já fosse esperado pelo mercado, ainda representa um desafio significativo. O grupo de alimentos e bebidas, que impacta diretamente o orçamento das famílias de menor renda, manteve forte alta, com avanço de 0,70% no mês, após uma variação de 0,96% em janeiro. Além disso, a alimentação no domicílio também ficou mais cara, registrando aumento de 0,79% no período, segundo o IBGE.

Ao mesmo tempo, a recuperação do mercado de trabalho tem aquecido a demanda, especialmente no setor de serviços. De acordo com dados da XP Investimentos, a inflação desse segmento atingiu 0,82% em fevereiro, o que representa uma taxa anualizada próxima de 10%.

As políticas do governo também geram contradições no cenário econômico. Enquanto o Banco Central adota medidas para conter a inflação, utilizando a política monetária para trazer os preços de volta à meta, o governo continua anunciando estímulos ao crédito e ao consumo. Essa falta de alinhamento dificulta ainda mais o trabalho do Copom.

Além dos desafios internos, o cenário externo adiciona mais pressão. O governo dos Estados Unidos, sob Trump, adota medidas protecionistas que aumentam a incerteza global e afetam diretamente economias emergentes, como a brasileira. Os reflexos já aparecem no mercado financeiro, com a elevação dos juros dos títulos norte-americanos e a instabilidade em Wall Street nos últimos dias. Esse movimento fortalece a busca por ativos nos EUA, provocando uma fuga de dólares e pressionando as moedas de países emergentes, incluindo o real.

Diante desse quadro, a FecomercioSP acredita que o ciclo de alta da Selic deve continuar, mas em ritmo menos intenso. Os impactos dos aumentos já começam a ser sentidos e, segundo a entidade, a taxa pode alcançar um patamar próximo de 15% ainda este ano. No entanto, se houver um compromisso maior com a responsabilidade fiscal, há chances de uma queda já em 2025.

(Com FecomércioSP)

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