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Impulsionados pela crescente busca dos investidores por diversificação em suas carteiras e por um cenário de mercado mais favorável, os fundos de renda fixa com investimentos no exterior alcançaram um recorde de patrimônio líquido em março, atingindo a marca de R$ 19,3 bilhões. Essa cifra representa mais de três vezes o valor registrado no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Esse movimento não é por acaso. Em meio a um cenário internacional ainda instável, analistas afirmam que, embora a "festa" nessa categoria de fundos tenha começado há algum tempo, ainda há oportunidades para participar.
As captações líquidas desses fundos também ganharam força no primeiro trimestre deste ano, totalizando R$ 9,7 bilhões, em comparação com R$ 146,46 milhões no mesmo período do ano anterior. No entanto, é importante observar que esse número inclui uma movimentação atípica em um único fundo em fevereiro, de acordo com a Anbima. Excluindo esses efeitos, os depósitos líquidos nos primeiros três meses do ano chegam a R$ 603,8 milhões, mostrando também um aumento em relação ao mesmo período do ano passado.
"Devido à competição com o CDI e os instrumentos locais de crédito, a maior parte desse fluxo ocorre devido à expectativa de retornos competitivos nesses tipos de fundos", explica Ian Caó, CIO da Gama Investimentos. Segundo ele, produtos que investem em ativos de crédito mais seguros geralmente oferecem um retorno médio de 8% a 8,5%, enquanto fundos com ativos de maior risco e retorno conseguem entregar uma média de 14% em reais.
Atentos a esse movimento e às recentes mudanças regulatórias com a Resolução CVM 175 no ano passado, algumas empresas estão lançando novos produtos. Em abril, a Gama Investimentos, em parceria com a gestora Man Group, lançará um fundo com 100% do patrimônio líquido alocado no exterior, agora disponível para investidores em geral, antes reservado apenas para clientes qualificados.
William Lee, responsável pela mesa internacional na InvestSmart, destaca que agora há uma maior facilidade para que o investidor médio tenha acesso a investimentos internacionais, com valores de aplicação mais acessíveis e devido às alterações regulatórias recentes.
Apesar do momento favorável, especialistas recomendam cautela. Rodrigo Sgavioli, responsável pela alocação na área de pesquisa da XP, destaca a importância de evitar concentração excessiva e riscos de prazo, especialmente diante da volatilidade recente nos mercados.
Quanto à proteção cambial, não há consenso entre os especialistas. Sgavioli prefere investir em produtos com hedge, enquanto Lee vê benefícios na exposição cambial ao investir em fundos sem hedge.
Em resumo, o cenário dos fundos de renda fixa no exterior oferece oportunidades, mas os investidores devem estar atentos aos riscos e à adequação de suas escolhas aos seus objetivos e perfil de risco.