Guerra comercial entre EUA e China aumenta incertezas e muda estratégia de investidores brasileiros
Segundo Rafael Oliveira, gestor de ações da Kinea Investimentos, a volatilidade causada pelo impasse comercial tende a pressionar os preços de commodities metálicas e energéticas

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China tem provocado forte volatilidade nas commodities, oscilações no câmbio e ampliado a incerteza nos mercados globais. Embora o Brasil esteja relativamente pouco exposto ao impacto direto do novo “tarifaço”, investidores e analistas seguem atentos aos desdobramentos e às potenciais consequências para setores estratégicos da economia.

Segundo Rafael Oliveira, gestor de ações da Kinea Investimentos, a volatilidade causada pelo impasse comercial tende a pressionar os preços de commodities metálicas e energéticas — setores diretamente atrelados ao desempenho da atividade econômica mundial. Essa dinâmica pode prejudicar especialmente empresas exportadoras brasileiras, cuja rentabilidade é sensível às flutuações externas.

Setores tradicionalmente defensivos, como energia elétrica e saneamento, também enfrentam desafios adicionais, em razão do cenário fiscal doméstico e da pressão sobre os preços das commodities. Ainda assim, Oliveira destaca que essas áreas seguem como alternativas relativamente estáveis para investidores que buscam menor exposição ao risco internacional.

Até agora, o Brasil foi alvo de tarifas de 10% — e, desde março, de um adicional de 25% — sobre as exportações de aço aos Estados Unidos. Empresas brasileiras ligadas a commodities e exportações estão entre as mais afetadas. A Gerdau (GGBR4) e a Usiminas (USIM5), por exemplo, lidam com tarifas extras sobre aço e alumínio, reduzindo sua competitividade no mercado norte-americano e enfrentando a concorrência indireta de aço chinês importado por distribuidores locais.

Fabricantes com forte exposição aos EUA, como Embraer (EMBR3) e Tupy (TUPY3), também sentem o impacto. No entanto, Rafael Oliveira ressalta que a Embraer, com parte da produção estabelecida em solo americano, pode mitigar parte dessas pressões.

O setor de petróleo não escapou dos reflexos negativos. Empresas como Petrobras (PETR4) e Prio (PRIO3) já registraram perdas expressivas no valor de mercado, devido à queda nos preços do barril de petróleo — tendência que, segundo Oliveira, não apresenta sinais de reversão no curto prazo. Diante desse cenário, o gestor recomenda cautela e sugere evitar papéis ligados a commodities, além de ações como Marcopolo (POMO4), WEG (WEGE3) e Embraer (EMBR3).

Por outro lado, o agronegócio desponta como potencial vencedor no contexto da guerra comercial. Produtores de soja e milho brasileiros, como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3), podem se beneficiar de um aumento na demanda chinesa por produtos agrícolas, em substituição às importações norte-americanas.

Para os investidores que buscam estabilidade, setores defensivos continuam sendo boas opções. Empresas focadas no mercado interno, como Equatorial (EQTL3), Copel (CPLE6) e Sabesp (SBSP3), oferecem menor exposição às turbulências do comércio internacional e seguem recomendadas por analistas para a composição de carteiras mais conservadoras.

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