Jovens brasileiros preferem investimentos de renda fixa e poupança por segurança e acessibilidade
Esse comportamento é comum entre jovens investidores, segundo uma pesquisa da Rico, plataforma do grupo XP Inc

A analista de marketing Thálita Manso, de 26 anos, é um exemplo dos jovens brasileiros que optam por investimentos em renda fixa, mantendo seu dinheiro na poupança por segurança e comodidade. "Tenho medo de arriscar e perder", explica ela, que admite desconhecer outros tipos de investimentos.

Esse comportamento é comum entre jovens investidores, segundo uma pesquisa da Rico, plataforma do grupo XP Inc., que revelou que metade dos entrevistados, entre 24 e 35 anos, mantém investimentos na poupança, enquanto 41% preferem outras opções de renda fixa.

Embora os resultados não possam ser generalizados, a pesquisa com 1.008 jovens que já investiram oferece uma visão sobre as preferências dessa faixa etária. Além da renda fixa, outros investimentos populares incluem ações (37,2%), criptomoedas (34,6%) e fundos de investimento (33,1%).

Segundo Antônio Sanches, analista de pesquisa da Rico, a escolha pela poupança muitas vezes se deve à acessibilidade e à longa história do produto no mercado brasileiro. "A falta de conhecimento leva muitos a optarem por esse ativo, mas existem alternativas de baixo risco, como Tesouro Selic e CDB, que oferecem maior rentabilidade", afirma Sanches.

O estudo também revelou que a maioria desses jovens investidores está no início de suas carreiras, com rendimentos entre R$ 3.000 e R$ 7.000, e busca novas conquistas profissionais, como comprar imóveis ou carros. "Eles entendem a importância de investir para alcançar esses objetivos", diz Sanches.

A assessora de imprensa Luana Lopes, de 27 anos, exemplifica esse perfil. Com investimentos em Tesouro Selic, fundos imobiliários (FIIs) e criptomoedas, Luana se considera uma investidora conservadora e começou a investir durante a pandemia por preocupação com sua estabilidade financeira. "Invisto pensando no futuro, inclusive para ter filhos", conta.

Leandro Gomes, analista financeiro de 28 anos, começou a investir em 2023 para quitar dívidas e financiar viagens. Após alcançar esses objetivos, continuou investindo com a meta de viver de rendimentos no futuro. Sua carteira é composta por 75% de renda fixa e 25% de renda variável, com foco em Tesouro Direto e ETFs internacionais.

A independência financeira é a maior meta para 66,1% dos entrevistados pela Rico, seguida pela busca de estabilidade (59,1%) e segurança contra crises econômicas (46,2%).

A pesquisa também mostrou que muitos jovens estão economizando para investir. Leandro, por exemplo, mudou hábitos como cozinhar em casa e usar transporte público para reduzir gastos. "Em dois meses, percebi a diferença", diz ele.

Por outro lado, apostas esportivas são um desafio crescente entre os jovens. Uma pesquisa do Datafolha de janeiro de 2024 revelou que 30% dos brasileiros entre 16 e 24 anos já fizeram apostas esportivas online. Entretanto, Antônio Sanches alerta que bets não são investimentos e carecem de fatores essenciais como rentabilidade previsível e planejamento a longo prazo.

Sanches ressalta a importância de estudar os produtos financeiros e entender seus riscos. "Investimentos exigem regularidade e permitem planejar o futuro de maneira estruturada", conclui.

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