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Os pagamentos sem contato quadruplicaram na pandemia e a tendência é de crescimento em 2021, diante de um maior número de cartões com a tecnologia NFC (por aproximação) no mercado.
Em janeiro, antes da pandemia do novo coronavírus, apenas 0,7% dos pagamentos por cartão, ou 22,6 milhões, eram por aproximação, segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
Durante a pandemia –quando medidas como distanciamento social e evitar o toque de mãos passaram a ser adotadas para evitar o contágio pelo novo coronavírus–, o uso dessa modalidade disparou. Em dezembro, já eram 114 milhões o total de transações em que não é preciso entregar o cartão ao vendedor nem passá-lo na maquininha, apenas aproximá-lo, ou 3,25% do total. A alta no período é de 400%.
Ao todo, em 2020 foram feitas 587 milhões de compras por aproximação, uma alta de 374% sobre 2019. O volume total movimentado foi de R$ 41 bilhões, cinco vezes o registrado no ano anterior.
A média de cada pagamento foi de R$ 70. Depois de um ano de pandemia, três dos quatro maiores bancos de capital aberto no país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) mostram tendência de que as transações por aproximação continuarão em alta.
No acumulado de 12 meses até março, por exemplo, o Banco do Brasil registrou avanço de quase 800% nesses pagamentos feitos com débito e de 210% no crédito. O valor transacionado também subiu 870% e 216%, respectivamente.
No banco, o ticket médio dessas compras foi de R$ 93,47 no crédito e de R$ 42,50 no débito. O banco também afirmou que os estabelecimentos voltados para atividades essenciais –supermercados, restaurantes, drogarias e farmácias e postos de combustíveis– foram os que mais receberam pagamentos por aproximação.
“O número de 15 milhões de cartões com NFC emitidos pelo BB vai crescer muito em 2021, com a chegada de novas bandeiras com a tecnologia, como a Elo”, afirma Edson Costa, diretor de meios de pagamento e serviços do Banco do Brasil.
A expectativa da instituição é chegar ao final deste ano com mais de 21 milhões de cartões com NFC emitidos nas bandeiras Visa e Elo.
O movimento também foi observado na Rede, braço de meios de pagamento do Itaú. Nos 12 meses até março, as transações sem contato cresceram 314% na companhia. Só em 2021, a modalidade tem alta de 6,5% ao mês.
Segundo Eduardo Amorin, diretor da Rede, a tendência é que cada vez mais consumidores se interessem pela modalidade de pagamentos via NFC e usem outros dispositivos para essas transações além dos cartões.
Os maiores crescimentos da modalidade registrados pela companhia foram nas regiões Norte e Centro-Oeste, com altas de 382% e 379%, respectivamente.
Na Getnet, braço de meios de pagamentos do Santander, a quantidade de transações feitas por aproximação no primeiro trimestre deste ano já é superior ao total de transações de todo o ano passado.
Rogério Panca, superintendente executivo de cartões do Santander, avalia que a adesão pela tecnologia deve aumentar ao longo dos próximos meses. “Trata-se de uma compra que melhora a experiência para o cliente, por traz mais rapidez no momento do pagamento sem impactar a segurança da transação”, afirmou.
O pagamento sem contato já é um foco do setor há alguns anos e ganhou força no ano passado diante dos efeitos de digitalização da pandemia. Só em 2020 o limite das transações por aproximação sem necessidade de senha quadruplicou, de R$ 50 para R$ 200.
O movimento foi considerado um dos divisores de águas para impulsionar o segmento, uma vez que a faixa de valor até R$ 200 engloba cerca de 80% das transações com cartões no Brasil.
Segundo a Abecs, bancos e outros emissores têm priorizado a emissão de cartões já equipados com o NFC, substituindo os antigos plásticos, bem como a maioria das maquininhas e outros equipamentos de captura também já estão habilitados a aceitar essas transações.
“Outro movimento é a diversificação de possibilidades de transação para além do comércio em geral. A modalidade vem sendo implantada em outros segmentos, como o transporte público e em praças de pedágio”, afirmou a associação em nota.
(Isabela Bolzani)