Pesquisa confirma que 2ª dose da Pfizer é mais eficiente após 3 meses
O estudo também dá evidências de que pode ser uma boa decisão aplicar mais vacinas de uma só vez enquanto se espera pela reposição dos estoques

A primeira remessa de 1 milhão de vacinas da Pfizer chegou ao Brasil no final de abril. No entanto, outras 200 milhões de doses são esperadas até dezembro, fazendo com que o imunizante seja tido como uma forte arma na aceleração do Plano Nacional de Imunização (PNI). 

Mas em caso de atrasos e limitação no fornecimento das vacinas, um estudo feito no Reino Unido, divulgado pela revista Nature nesta sexta-feira, 14, dá evidências de que é uma boa ideia usar a vacina da Pfizer em um maior número de pessoas e aguardar por mais tempo a distribuição da segunda dose, do que segurar uma fração das vacinas para que um pequeno grupo receba mais rapidamente as duas aplicações.

No estudo, o adiamento da segunda dose da vacina fez com que a respostas de anticorpos após a ocorrência da segunda inoculação fosse três vezes maior, segundo dados coletados de vacinados com mais de 80 anos. Trata-se da primeira análise direta de como esse atraso afeta os níveis de anticorpos do coronavírus, medida que pode ajudar na tomada de decisões da programação de vacinas em outros países, dizem os autores. “Este estudo apoia que o atraso da segunda dose testado no Reino Unido realmente valeu a pena”, afirma Gayatri Amirthalingam, epidemiologista da Public Health England, em Londres, e coautora do estudo.

Para determinar se o atraso valeu a pena, Amirthalingam e seus colegas estudaram 175 pessoas com mais de 80 anos que receberam a segunda dose de vacina Pfizer três semanas e compararam com os que foram submetidos à espera de 11 e 12 semanas após a primeira dose. A equipe mediu os níveis de anticorpos e avaliou como as células imunes chamadas células T, que podem ajudar a manter os níveis de anticorpos ao longo do tempo, responderam à vacinação.

Os níveis máximos de anticorpos foram 3,5 vezes mais elevados nas pessoas que esperaram 12 semanas pela dose de reforço do que nas pessoas que esperaram apenas três semanas. A resposta de pico das células imunológicas foi menor naqueles com o intervalo estendido. Mas isso não fez com que os níveis de anticorpos diminuíssem tão rapidamente nas nove semanas após a injeção de reforço.

Os resultados são reveladores, mas são específicos para a vacina Pfizer, que não está disponível em muitos países em desenvolvimento. Por isso, é preciso considerar se as variantes que estão circulando em determinada região podem aumentar o risco de infecção após apenas uma dose da vacina. No caso do Reino Unido, estender o intervalo entre as doses foi uma boa escolha pois ajudou na proteção de um maior número de pessoas enquanto os estoques eram repostos.


(André Lopes)

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