A instituição, além disso, alerta que a chance de a decisão de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC não ser unânime aumentou

Com base em sinalizações mais conservadoras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e na piora recente dos ativos financeiros, com reprecificação dos juros internacionais e pressão no câmbio, o PicPay elevou sua projeção para a Selic no fim deste ano de 9,5% para 10% e, agora, espera apenas mais três reduções de 0,25 ponto percentual no juro básico. A instituição, além disso, alerta que a chance de a decisão de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC não ser unânime aumentou.

“Quando Campos Neto descreve os quatro possíveis cenários a partir daqui, ele transparece que o seu cenário básico é de uma redução no ritmo de cortes, tudo o mais constante”, observa o economista-chefe do PicPay, Marco Antonio Caruso. Para ele, entre hoje e os dias 7 e 8 de maio, quando ocorre a próxima decisão do Copom, não haverá tempo suficiente para uma melhora da conjuntura e das condições de mercado que anule a nova sinalização de Campos Neto.

Além disso, Caruso observa que as projeções de inflação do Copom devem sofrer alguma deterioração na decisão de maio, quando o horizonte relevante da política monetária deverá abarcar somente o ano-calendário de 2025. Com a piora das expectativas de inflação do Boletim Focus para 2025 e o câmbio mais depreciado, em torno de R$ 5,15 por dólar, o economista calcula que as projeções do BC devem indicar um IPCA em torno de 3,4% no próximo ano, o que exigiria um caminho “mais parcimonioso” na condução da Selic.

“Para voltar aos mesmos 3,2% de IPCA [a projeção anterior do BC no Copom de março], que na visão do Copom já seria um IPCA ao redor da meta de 3%, seria preciso, exatamente, uma Selic bem mais próxima de 10%”, diz Caruso. Assim, para o economista, a sinalização de Campos Neto de uma desaceleração do ritmo de cortes, o sarrafo elevado para que o “forward guidance” anterior volte a entrar em vigor, e a piora nas projeções de inflação do colegiado são fatores que levam o economista a pensar que a maioria do comitê, ao menos, optará por reduzir a Selic em 0,25 ponto.

“Ao mesmo tempo, acreditamos que aumentou bem a chance de não ser uma decisão unânime, principalmente pela última fala do diretor Gabriel Galípolo, em que, no final, transparece a preferência em não dar tanto peso para essa mudança do cenário externo, e preferir aguardar o seu desenrolar, na verdade mantendo o ritmo de cortes de 0,5 ponto”, afirma o economista do PicPay.

(Valor Econômico)

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