Portos brasileiros batem recorde de movimentação em 2024
Segundo Eduardo Nery, diretor-geral da Antaq, o desempenho reflete um crescimento consistente, com destaque para a expansão significativa no transporte de contêineres

Os portos do Brasil alcançaram um novo marco histórico em 2024, com a movimentação de 1,32 bilhão de toneladas de cargas, um crescimento de 1,18% em relação ao ano anterior, que já havia registrado o melhor desempenho até então. Os números foram divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que destacou o papel central dos contêineres nesse resultado.

Segundo Eduardo Nery, diretor-geral da Antaq, o desempenho reflete um crescimento consistente, com destaque para a expansão significativa no transporte de contêineres, que atingiu 153,33 milhões de toneladas, um aumento de 20% em comparação a 2023. Ele atribui parte desse avanço à migração de commodities, como algodão, açúcar, café e proteína animal, para o transporte em contêineres. Além disso, o crescimento foi impulsionado pela maior importação de insumos industriais, como plásticos, produtos químicos orgânicos e ferro e aço.

Santos lidera movimentação, enquanto Salvador registra maior crescimento

Entre os portos públicos, o Porto de Santos manteve a liderança, com 138,69 milhões de toneladas movimentadas, um aumento de 2,05% em relação ao ano anterior. Já o Porto de Salvador foi o que apresentou o maior crescimento percentual, com um avanço de 41,18%, totalizando 6,6 milhões de toneladas. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelo aumento no transporte de fertilizantes, que cresceu 210,22%, e de contêineres, que subiu 36,81%.

Nery explicou que o crescimento em Salvador está relacionado aos gargalos enfrentados por outros terminais, como os de Santos e Santa Catarina, em 2023. "Terminais com capacidade ociosa tiveram um aumento mais expressivo", afirmou.

Queda nas hidrovias e desafios climáticos

Apesar do cenário positivo nos portos, a navegação fluvial no interior do país registrou uma queda de 9,58%, com 75,93 milhões de toneladas movimentadas. A seca severa que atingiu as hidrovias do Paraguai e do Amazonas foi apontada como a principal causa dessa redução. No caso do rio Paraguai, a movimentação caiu 58,24%, para 3,3 milhões de toneladas.

Nery ressaltou a importância de investimentos em infraestrutura, como dragagem, para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Atualmente, a Antaq está conduzindo uma consulta pública para a primeira concessão hidroviária do país, justamente no rio Paraguai, o que pode trazer melhorias para o setor.

Perspectivas para 2025 e além

A Antaq projeta um novo crescimento para 2025, com a movimentação de 1,34 bilhão de toneladas, e para 2026, com 1,39 bilhão de toneladas. A demanda por contêineres deve continuar aquecida, impulsionada pelo comércio internacional e pelo crescimento das commodities. "A menos que ocorram eventos imprevistos, como guerras comerciais ou mudanças políticas significativas, a expectativa é de que o setor continue em expansão", afirmou Nery.

O diretor-geral também destacou a resiliência do setor portuário brasileiro, que tem se adaptado aos desafios logísticos e climáticos, mantendo-se como um dos pilares da economia nacional. Com investimentos em infraestrutura e a continuidade das políticas de concessões, o Brasil pode consolidar ainda mais sua posição no cenário global de transportes aquaviários.

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