Relatório mostra variação de preços de produtos de luxo

Comprar itens de tecnologia como smartphones, tablets e computadores na cidade de São Paulo é mais caro do que em qualquer outra cidade do mundo. A capital paulista também supera a média de preços globais para itens como joias, relógios e bicicletas, segundo estudo inédito do banco Julius Baer, principal gestora de fortunas da Suíça, que também analisou a preocupação de consumidores por compras mais éticas e conscientes.

A gestora lançou seu Relatório Global de Riqueza e Estilo de Vida 2021 (GWLR), no qual analisa os preços de bens de consumo e serviços em 25 diferentes cidades do mundo. O objetivo é mapear os custos de vida da população de alta renda, a fim de refletir o estilo de vida em diferentes localidades e gerar dados para antecipar as melhores decisões de investimento. A pesquisa foi conduzida entre os meses de julho e setembro de 2020.

Em sua segunda edição, o estudo ampliou o escopo para além da Ásia e incluiu países da América Latina, Europa e América do Norte. Apesar de ter os preços mais altos em alguns segmentos, São Paulo aparece na 21º posição do ranking global. As três cidades mais caras do mundo são, nesta ordem: Xangai, Tóquio e Hong Kong.

Os itens avaliados vão desde carros, ternos e sapatos femininos até voos executivos, imóveis residenciais, vinhos e whisky. Única brasileira entre as cidades do relatório, São Paulo também é apontada como um dos lugares mais baratos para adquirir uma casa de luxo, com preços um quarto abaixo da média internacional.

Segundo o estudo, a indústria de luxo do Brasil movimenta cerca de 24,58 dólares per capita anualmente e deve crescer 3% no próximo ano.

A Ásia é a região mais cara do mundo para se manter um padrão de vida luxuoso, em parte pela sua rápida recuperação frente à crise global causada pela pandemia de covid-19, bem como à estabilidade da moeda no último ano. Já a desvalorização dos dólares americano e canadense em relação a outras importantes moedas globais e a forte desvalorização das moedas na América Latina tornam as Américas do Sul e Norte nos continentes mais baratos para consumidores de alto padrão. 

Consumo consciente

Um tópico de destaque, especialmente na América Latina, é o consumo consciente, diz Esteban Polidura, diretor de Consultoria e Produtos para Américas do Julius Baer. “Os consumidores passaram a ter mais consciência não apenas sobre aquilo que compram, mas sobre os serviços que usam e como cada um deles impacta o meio ambiente e a sociedade”, diz.

De um ano para cá, segundo Polidura, o consumo consciente deixou de ser uma preocupação restrita, e passou também a dominar as decisões de compra da população mais rica. Com a pandemia de covid-19, a busca por um comportamento mais ético e sustentável foi de tendência a realidade em todos os países analisados.

O relatório destaca três setores predominantes nos quais o consumo consciente se tornou tema central: alimentação, moda e mobilidade. Na moda, por exemplo, consumidores estão mais preocupados com o impacto ambiental e desperdício de matérias-primas, como a água. Tal preocupação abre espaço para a ascensão da chamada “slow fashion”, que contraria o modelo industrial de produção em larga escala e incentiva a economia circular e o reuso.

Em mobilidade, a discussão se volta à poluição e a transição para uma matriz energética limpa nos transportes. Já em alimentação, o relatório destaca a percepção urgente sobre as mudanças climáticas, bem-estar animal e o crescimento nas vendas de produtos orgânicos. “Vemos que o consumo consciente não só existe, mas veio para ficar e está sendo abraçado a uma velocidade recorde”, diz.

A tendência também se reflete na gestão de patrimônios, segundo Polidura. Com a crescente preocupação por decisões mais conscientes, investidores passam a optar por alocações de longo prazo que tragam retorno positivo também sob o ponto de vista social e ambiental. “As intuições financeiras terão de, cada vez mais, criar soluções de investimentos para esse tipo de cliente'', diz.

Isso, analisa Polidura, serve de alerta para que empresas adequem suas práticas e façam parte de um portfólio “ESG do futuro” e não sejam excluídas dessas escolhas. “É um ciclo virtuoso que começa pelos consumidores e rapidamente chega às empresas. É um caminho sem volta”. 

(Maria Clara Dias)

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