Mesmo entre o público mais tolerante ao risco, 41% dos investimentos ainda são mantidos na poupança

Muitas vezes, a educação financeira está relacionada à renda e a classe social. Faz sentido que, com mais dinheiro, a parcela mais alta da sociedade tenha acesso ao ensino qualificado e consiga mais oportunidades para aprender a lidar com o dinheiro. Porém, de acordo com a pesquisa “Itaú Personnalité: Brasileiros e a alta renda”, realizada pelo banco em parceria com o Instituto Locomotiva, essa não é uma verdade absoluta.

O levantamento mostrou que, entre o público que tem uma renda mensal superior aos R$ 10 mil, apenas 20% têm um alto nível de planejamento financeiro. Porém, 89% dos entrevistados afirmam estar se preparando adequadamente para o futuro e 93% dizem ter objetivos financeiros de curto, médio e longo prazos, mesmo sem ter esse planejamento no papel.

O presidente do Instituto, Renato Meirelles, corrobora com a afirmação e diz que os resultados mostram interesse crescente no tema. No entanto, há uma insegurança nítida em relação à tomada de decisão.

“O que observamos é que apenas 20% das pessoas ouvidas declararam ter toda essa disciplina na prática. Isso pode ter a ver com o histórico de baixo índice de educação financeira ao qual o brasileiro foi exposto ao longo da vida”, afirma Meirelles. “Os resultados mostram interesse crescente no tema, busca ativa por informações na internet e nas redes sociais, mas clara insegurança em relação à tomada de decisão”, completa o presidente do Instituto Locomotiva.

Entre as pessoas que dizem ter conhecimento avançado em finanças, 41% ainda mantêm investimentos em poupança. A diretora do Itaú Personnalité, Adriana dos Santos, acredita que esse dado também volta ao ponto da falta de decisão certa. “Esse é um dos motivos pelo qual ainda vemos uma participação da poupança como opções de investimento para o público, mesmo entre os que se descrevem como arrojados”, diz.

Pensando no cenário como um todo, 80% dos entrevistados se dizem otimistas com a própria situação financeira. O percentual é maior entre os jovens do que nos maiores de 50 anos, sendo 94% e 70%, respectivamente. Porém, o medo de perder renda também é grande, seja com crises econômicas, golpes ou investimentos equivocados.

Quando o recorte é feito por gênero, as mulheres demonstram maior interesse em aprender sobre finanças e investimentos: são 43% ante 34% do público masculino. Além disso, ambos os gêneros admitem que conversar sobre dinheiro com companheiros ou familiares ainda gera desconforto.

Os especialistas também contam que observam o crescimento da tensão entre poupar e gastar, porém, após a pandemia, 65% dos brasileiros afirmam ter passado a valorizar mais a qualidade de vida. Para Adriana, o paradoxo deve ser visto como oportunidade. “Precisamos aprender e escolher formas de fazer o dinheiro trabalhar por nós. Um bom planejamento financeiro, que compreende visão de futuro, sonhos, expectativa de gastos, investimentos, aposentadoria, por exemplo, pode ajudar a ter mais tempo de qualidade, sem comprometer a renda”, complementa a diretora do Itaú Personnalité.

(Ana Paula Branco para a Forbes Brasil)

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