A dívida bruta do Brasil voltou a crescer em abril e atingiu R$ 9,2 trilhões, o equivalente a 76,2% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Banco Central. O aumento representa uma alta de 0,3 ponto percentual em relação a março, refletindo a elevação dos juros nominais apropriados no período.
O indicador, que considera os endividamentos do governo federal, INSS, estados e municípios, é um dos principais termômetros utilizados por analistas e investidores para avaliar a sustentabilidade das contas públicas do país. Segundo o Banco Central, a variação mensal foi influenciada principalmente pelos juros nominais, que contribuíram com um aumento de 0,7 ponto percentual na dívida. Por outro lado, a queda do PIB nominal impactou negativamente em 0,4 ponto percentual e a valorização cambial ajudou a reduzir o índice em 0,1 ponto.
Já a dívida líquida do setor público, que desconta os ativos financeiros do governo, também apresentou elevação, alcançando 61,7% do PIB em abril. O número representa um avanço de 0,1 ponto percentual frente ao mês anterior.
Apesar da elevação da dívida bruta, o setor público consolidado registrou um superávit primário de R$ 14,1 bilhões em abril, valor superior ao saldo positivo de R$ 6,7 bilhões obtido no mesmo mês do ano passado. O superávit primário corresponde à economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida pública e é visto como um sinal de disciplina fiscal.
O desempenho fiscal do mês foi puxado pelo superávit de R$ 16,2 bilhões do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e INSS). Em contrapartida, estados e municípios registraram déficit de R$ 659 milhões, enquanto as estatais não financeiras tiveram saldo negativo de R$ 1,4 bilhão.
O Banco Central também atualizou os dados acumulados do ano. De janeiro a abril, o superávit primário do setor público consolidado soma R$ 54,8 bilhões, o equivalente a 1,21% do PIB no período. Ainda assim, analistas alertam que o resultado positivo tem sido impulsionado pontualmente por receitas extraordinárias, como dividendos e repasses de estatais, o que levanta dúvidas sobre sua sustentabilidade no médio prazo.