Galípolo destacou que a redução do estoque da caderneta de poupança no país parece ter caráter estrutural, diminuindo significativamente a fonte tradicional de recursos para os financiamentos imobiliários. Essa mudança no comportamento dos poupadores brasileiros impõe ao Banco Central a necessidade de buscar alternativas sustentáveis para esse tipo de crédito.
O presidente da autoridade monetária explicou que a instituição espera apresentar uma ponte entre o modelo anterior e um sistema de financiamento que utilizará captação diretamente no mercado. Segundo ele, essa alternativa dará sustentabilidade ao setor imobiliário e deve proporcionar uma participação adequada do crédito habitacional em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.
A proposta surge em um momento em que o mercado imobiliário brasileiro enfrenta desafios relacionados ao acesso ao crédito e às altas taxas de juros. O modelo tradicional de financiamento habitacional no Brasil tem dependido historicamente dos recursos da poupança, que são direcionados para o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Durante sua apresentação, Galípolo fez questão de esclarecer que não havia qualquer tipo de mensagem a ser transmitida sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a semana seguinte. O presidente do Banco Central enfatizou que sua fala se limitaria à agenda evolutiva da instituição, deixando de lado questões relacionadas à política monetária.
Essa postura se alinha com o protocolo de comunicação do Banco Central, embora o período formal de silêncio da reunião do Copom tenha início apenas na quarta-feira. O cuidado com as declarações públicas reflete a preocupação da autoridade monetária em não influenciar as expectativas do mercado antes das decisões oficiais sobre a taxa básica de juros.