A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a proposta de aquisição de 58,04% do capital social do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), conforme parecer publicado nesta terça-feira, 17 de junho. A operação, anunciada em março por cerca de R$ 2 bilhões, ainda precisa da aprovação do Banco Central para ser concluída.
De acordo com o Cade, a transação não representa riscos à concorrência, já que alguns ativos vinculados ao Banco Master ficarão fora do acordo. Caso nenhum conselheiro ou agente do mercado conteste a operação nos próximos 15 dias, a aprovação será considerada definitiva no âmbito concorrencial.
O BRB optou por excluir cerca de R$ 33 bilhões em ativos considerados de maior risco ou difícil precificação, como forma de reduzir a exposição da operação. Esses ativos serão transferidos para uma nova empresa, a Master Serviços S.A., e envolvem entidades como o Banco Master de Investimento, KOVR Participações, Master Patrimonial, Mombaça Empreendimentos, NK 031 Empreendimentos e Santa Ester Empreendimentos, incluindo suas respectivas subsidiárias.
A reestruturação foi um dos principais pontos de atenção do Banco Central para prosseguir com a análise da operação. O mercado vinha especulando sobre uma possível resistência da autoridade monetária, devido ao porte e à complexidade do negócio. A expansão acelerada do Banco Master nos últimos anos também levantou questionamentos. Rebatizado em 2021 após a reestruturação do antigo Banco Máxima, o Master cresceu de forma agressiva, apoiado em ativos de maior risco e captação por CDBs que ofereciam até 130% do CDI.
Para viabilizar a operação e atender às exigências regulatórias, o fundador do Banco Master, Daniel Vorcaro, promoveu uma desmobilização de ativos, levantando cerca de R$ 1,5 bilhão com a venda de participações em empresas como Light (LIGT3) e Méliuz (CASH3), além de créditos, imóveis e precatórios. A operação foi acompanhada e validada pelo Banco Central, pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e pelo próprio Cade.
A aquisição inclui também duas operações do grupo Master: o will bank e o Credcesta. Após a conclusão da compra, Daniel Vorcaro deverá integrar o conselho do BRB. A operação é vista como um movimento estratégico para o banco estatal, mas ainda gera cautela no mercado financeiro em razão dos riscos atrelados ao histórico recente e à composição da carteira do Banco Master, que concentra aproximadamente 34% de seus ativos em títulos e créditos a receber, diferentemente de outros bancos médios mais focados em crédito direto ao varejo ou atacado.