Impulsionada pelos juros elevados, a Dívida Pública Federal (DPF) cresceu 0,71% em maio, alcançando R$ 7,67 trilhões, segundo dados do Tesouro Nacional divulgados nesta sexta-feira (27). Em apenas um ano, o estoque da dívida avançou mais de R$ 600 bilhões. Apesar da alta, o valor ainda está abaixo do intervalo previsto pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2025, que vai de R$ 8,1 trilhões a R$ 8,5 trilhões.
A alta foi puxada pela apropriação de juros — ou seja, a incorporação dos rendimentos dos títulos ao saldo da dívida. Com a Selic em 15% ao ano, essa correção tem elevado o endividamento do governo. Em maio, o Tesouro resgatou mais do que emitiu, principalmente títulos atrelados à inflação, mas a dívida interna cresceu por causa da incorporação de R$ 75,8 bilhões em juros. A dívida externa também subiu, impactada pela valorização do dólar.
O “colchão” da dívida — reserva usada para evitar risco de liquidez — caiu de R$ 904 bilhões em abril para R$ 861 bilhões em maio, o suficiente para cobrir 8,77 meses de vencimentos. Já a composição da DPF mostra um crescimento na fatia de papéis atrelados à Selic (de 47,3% para 48,25%) e prefixados (de 20,23% para 21,1%), enquanto os títulos corrigidos pela inflação recuaram para 26,64%. A dívida vinculada ao câmbio manteve-se estável em 4,02%.
O prazo médio da DPF subiu de 4,17 para 4,20 anos. O Tesouro só fornece a estimativa em anos, não em meses. Esse é o intervalo médio em que o governo leva para renovar (refinanciar) a dívida pública. As instituições financeiras seguem como principais credores da dívida interna, com 30,1% de participação, seguidas por fundos de pensão (23,6%) e fundos de investimento (22,4%). A presença de investidores estrangeiros também cresceu, passando de 9,7% para 9,9% em maio.