O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (8) que manter a Selic em 15% pode não agradar, mas reflete o compromisso da instituição com a meta de inflação. “Dificilmente ganharemos o torneio de Miss Simpatia em 2025, mas durmo tranquilo sabendo que estou cumprindo meu dever”, declarou em evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, em Brasília.
Galípolo será o primeiro presidente do BC a assinar duas cartas em um intervalo de seis meses para justificar o descumprimento da meta de inflação. A nova carta será enviada ao Ministério da Fazenda após a divulgação do IPCA de junho, conforme exige o regime de metas contínuas, em vigor desde janeiro.
Ele destacou que o importante é o fortalecimento institucional da política monetária, independentemente dos nomes que compõem a diretoria do BC. “O sinal claro que o Banco Central dá é a forma obstinada com que persegue a meta de 3%”, afirmou.
Galípolo também apontou problemas nos canais de transmissão da política monetária no Brasil, que, segundo ele, não funcionam tão bem quanto em outros países. Reforçou que não há solução única para as distorções da economia.
Por fim, criticou os subsídios cruzados presentes no sistema econômico, citando como exemplo empresas que emitem dívida mais barata que o Tesouro e os juros do rotativo do cartão, que pouco reagem à Selic.