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Tarifa de 50% imposta por Trump pode reduzir PIB do Brasil em até 0,4 ponto, diz Goldman Sachs

De acordo com o relatório da instituição, a tarifa efetiva média sobre as exportações brasileiras com destino aos EUA subirá 35,5 pontos percentuais

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025 poderá impactar negativamente o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em até 0,4 ponto percentual, segundo estimativas divulgadas pelo banco Goldman Sachs. A projeção leva em conta os efeitos diretos das tarifas já anunciadas, bem como de outras medidas setoriais esperadas, e desconsidera eventuais retaliações do governo brasileiro.

De acordo com o relatório da instituição, a tarifa efetiva média sobre as exportações brasileiras com destino aos EUA subirá 35,5 pontos percentuais, atingindo setores estratégicos como cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores, minerais críticos e madeira. “Caso essas medidas sejam duradouras e não haja resposta do Brasil, o PIB poderá cair entre 0,3 e 0,4 ponto percentual”, afirma Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina no banco. Ele observa que parte desse impacto — cerca de 0,1 ponto — já estava contemplada no cenário base do Goldman.

Atualmente, as exportações brasileiras para os Estados Unidos somam aproximadamente US$ 42,7 bilhões ao ano, o que representa 2% do PIB e cerca de 12,6% das vendas externas totais do país. Embora os EUA não sejam o maior parceiro comercial do Brasil, o Goldman alerta que a imposição generalizada de tarifas pode desencadear incertezas mais amplas para os exportadores, inclusive em relação a outros mercados.

O banco também destacou o tom político da carta enviada por Trump ao governo brasileiro. O documento surpreendeu ao iniciar com críticas ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria recebendo da Justiça brasileira, antes de abordar formalmente os argumentos comerciais. A carta também menciona restrições à liberdade de expressão e ações contra plataformas digitais, além de anunciar a abertura de uma investigação com base na Seção 301 sobre as políticas brasileiras relativas a conteúdo online e redes sociais.

Ainda não está claro como o governo brasileiro responderá à medida. Embora o ambiente político indique a possibilidade de retaliação, o Goldman Sachs avalia que setores exportadores deverão pressionar por uma solução negociada, a fim de evitar os efeitos econômicos negativos de uma escalada comercial prolongada.

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