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IFI prevê desaceleração da economia com juros altos e ajuste fiscal

Apesar da desaceleração esperada, a IFI avalia que o nível de atividade ainda está acima do potencial

A economia brasileira deve crescer em ritmo mais lento nos próximos meses, segundo avaliação da Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado. Em relatório divulgado nesta quinta-feira (17), a entidade aponta que a combinação de juros elevados com uma política fiscal menos expansionista tende a frear a atividade econômica.

Apesar da desaceleração esperada, a IFI avalia que o nível de atividade ainda está acima do potencial, o que segue exercendo pressão inflacionária, embora em menor intensidade do que nos últimos anos. A instituição destaca que a política fiscal mostrou sinais de maior controle no segundo trimestre, em contraste com os anos de 2023 e 2024, indicando um cenário mais favorável para o cumprimento das metas fiscais.

Entre janeiro e junho deste ano, a despesa primária caiu 2,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. Essa redução resultou em uma expressiva melhora no resultado primário: o déficit de R$ 64,7 bilhões registrado no primeiro semestre de 2024 recuou para R$ 8,7 bilhões neste ano. A IFI, no entanto, alerta que essa melhora pode ter sido temporária, reflexo da demora na aprovação do orçamento de 2025, sancionado apenas em abril, o que postergou a execução de diversos gastos.

Um exemplo citado é o pagamento de precatórios. Em 2024, a maior parte dessas despesas foi quitada em fevereiro, com desembolso de R$ 31,8 bilhões. Já neste ano, os pagamentos devem ocorrer apenas em julho. A liberação tardia do orçamento também impactou as despesas discricionárias, como as emendas parlamentares, que recuaram 20,9% no primeiro semestre em relação a 2024.

O relatório também aponta uma queda real de 7,4% nos gastos com o Bolsa Família. Por outro lado, houve alta nas despesas com servidores públicos (13,1%), saúde (7,8%) e educação (12,8%).

A IFI ressalta que o principal desafio fiscal permanece no médio e longo prazo. Para o órgão, é essencial reforçar o arcabouço fiscal não apenas para garantir seu funcionamento, mas também para evitar um colapso operacional do Estado. O relatório ainda menciona fatores que podem impactar a economia brasileira, como a imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos e a incerteza sobre a arrecadação com o aumento do IOF, atualmente suspenso por decisão judicial.

A entidade calcula que será necessário elevar a arrecadação entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões em 2026. Algumas medidas já anunciadas pelo governo podem contribuir nesse sentido, mas muitas ainda dependem de aprovação do Congresso. Por isso, a IFI considera provável que novas propostas de aumento de tributos sejam apresentadas nos próximos meses.

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