Mesmo não estando sujeito à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil, o setor exportador de suco de laranja projeta perdas imediatas de até R$ 1,54 bilhão devido ao tarifaço anunciado pelo governo Trump. A estimativa foi divulgada nesta terça-feira (12) pela CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), que aponta impacto direto sobre os subprodutos da cadeia citrícola, excluídos da lista de exceções tarifárias.
Segundo a entidade, apenas na safra anterior esses subprodutos — como suco reconstituído, células cítricas e óleos essenciais — movimentaram US$ 177,8 milhões (R$ 973,6 milhões) em exportações para os EUA. A nova tributação tornaria inviável economicamente a operação, já que muitos desses insumos, usados pela indústria de bebidas e cosméticos, passaram a ser sobretaxados em 50%.
A CitrusBR também calcula um prejuízo adicional de R$ 566,7 milhões (US$ 103,6 milhões) apenas com a aplicação da tarifa-base de 10% sobre o suco de laranja, reservada a países com os quais os EUA mantêm superávit comercial. Segundo o diretor-executivo da associação, Ibiapaba Netto, a medida pode ter efeito reverso, prejudicando empresas norte-americanas e encarecendo produtos para o consumidor local, além de agravar as dificuldades de um setor já pressionado pelo cenário internacional.
O quadro é agravado pela queda expressiva dos preços globais. Dados do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) mostram que o valor da tonelada exportada para os EUA recuou de US$ 4.243 na safra anterior para US$ 3.387 no início de agosto, uma redução superior a 20%. O recuo está ligado ao aumento de 36% na oferta de frutas em relação à temporada passada. Essa desvalorização, segundo a CitrusBR, pode representar mais US$ 261,8 milhões (R$ 1,43 bilhão) em perdas para o setor.
Combinando o impacto tarifário e a queda nos preços internacionais, o setor citrícola brasileiro enfrenta um potencial prejuízo bilionário que ameaça produtores, exportadores e toda a cadeia de valor ligada ao suco de laranja.
