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Campos Neto alerta: “Corte de gastos é inevitável para equilibrar contas públicas”

Roberto Campos Neto, ex-presidente do BC e hoje no Nubank, alerta que cortes de gastos são inevitáveis para equilibrar contas públicas

O ex-presidente do Banco Central e atual vice-chairman do Nubank, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (4) que o Brasil precisará tomar uma decisão urgente sobre o nível dos gastos públicos. Segundo ele, a escolha é inevitável: ou ocorre agora, de forma organizada, ou terá de ser feita mais adiante, em um cenário ainda mais crítico.

Em evento promovido pela Nu Asset, Campos Neto destacou que o problema fiscal deixou de ser exclusivo do Brasil e hoje preocupa também grandes economias, como Estados Unidos e países da Europa. A raiz desse desafio, explicou, está na pandemia da Covid-19, quando governos aumentaram despesas e bancos centrais reduziram juros para conter os efeitos da crise.

“Os governos gastaram muito e os bancos centrais baixaram muito os juros, evitando uma grande recessão. Mas o remédio teve efeitos colaterais: a inflação”, afirmou. Para ele, o aumento dos preços foi consequência principalmente do excesso de demanda, impulsionado pelo volume de recursos injetado nas economias.

Agora, segundo Campos Neto, os países convivem com dívidas maiores e juros mais altos, elevando o custo da rolagem e pressionando ainda mais os orçamentos públicos. “O que vai pagar esse custo tem de sair de outros lugares, e aí é quando você começa a ter impactos mais graves na economia”, avaliou.

Até o momento, a maior parte dos países buscou soluções pelo lado da elevação de impostos e tarifas, especialmente sobre empresas, setor financeiro e, no caso americano, via balança comercial. Mas essa estratégia, alertou o executivo, tende a comprometer a produtividade global, encarecer o custo de capital e, no longo prazo, reduzir a arrecadação dos próprios governos.

Para Campos Neto, a saída mais eficiente é o ajuste pelo corte de despesas públicas. “No final das contas, uma instabilidade tende a se resolver, mesmo que no limite. A melhor forma de resolver isso é de uma forma organizada. É cortando gasto”, concluiu.

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