A renda fixa continuará exercendo papel central nas carteiras de investimento ao longo de 2026, impulsionada pelos juros ainda elevados no Brasil, mas a perspectiva de avanço no ciclo de cortes abre espaço para uma diversificação gradual em ativos de maior risco. A avaliação é de Tatiana Guedes, gerente de produtos de investimentos da InvestSmart XP, que vê o próximo ano como um período de transição importante para o investidor que busca equilíbrio entre previsibilidade e potencial de valorização.
Segundo a analista, mesmo com uma visão construtiva para a renda variável, o ambiente macroeconômico ainda favorece os instrumentos de renda fixa. Com o mercado precificando uma taxa Selic próxima de 12% ao final do próximo ano, os retornos oferecidos permanecem expressivos em termos reais, o que naturalmente mantém a atratividade da classe para investidores que priorizam segurança e ganhos consistentes. Além da previsibilidade de retornos, Guedes destaca a proteção oferecida pelos títulos em momentos de maior volatilidade, especialmente em um contexto de incertezas fiscais e geopolíticas.
No entanto, o ciclo de cortes em andamento tende a alterar gradualmente a dinâmica do mercado e o apetite por risco. A expectativa é que, à medida que os juros recuem, a renda variável comece a ganhar protagonismo, impulsionada por revisões nas expectativas de lucro das empresas e por uma migração de capital em busca de retornos mais robustos. “O grande desafio está em convencer o investidor de que este é um bom momento para começar a diversificar gradualmente”, afirma Guedes, lembrando que a Bolsa brasileira já acumula alta próxima de 20% em 2025, movimento que muitos deixaram de aproveitar.
Para 2026, a especialista recomenda uma abordagem seletiva e estratégica na alocação em ações, aproveitando oportunidades pontuais sem comprometer a base sólida da carteira. A combinação entre títulos de renda fixa, que continuam a oferecer rendimento real atrativo, e ativos de maior risco, com potencial de valorização superior no médio e longo prazos, deve nortear as decisões dos investidores no próximo ciclo econômico.