A Heineken alertou nesta quarta-feira (22) que suas vendas de cerveja devem cair em 2025, diante do agravamento dos desafios macroeconômicos globais. A cervejaria holandesa, segunda maior do mundo, reduziu novamente suas projeções de volume, revisando para baixo as estimativas que já haviam sido ajustadas no trimestre anterior.
A empresa informou que espera uma “queda modesta” nos volumes totais e que o lucro operacional orgânico deve ficar no limite inferior da faixa prevista anteriormente, entre 4% e 8%. A revisão ocorre após uma sequência de resultados fracos e dificuldades para recuperar o crescimento de vendas em mercados maduros, mesmo após sucessivos aumentos de preços.
O presidente-executivo da Heineken, Dolf van den Brink, afirmou que a volatilidade econômica se intensificou no terceiro trimestre, mas expressou otimismo de que a demanda se recupere quando as condições melhorarem. “Esperamos que a demanda volte a crescer à medida que o ambiente macroeconômico se normalize”, disse o executivo.
Os analistas já projetavam queda de 1,8% nos volumes e avanço de 3,9% no lucro anual, segundo consenso compilado pela própria empresa. Diante disso, o tom mais cauteloso foi visto com relativa tranquilidade pelo mercado. Laurence Whyatt, analista do Barclays, afirmou que “as notícias negativas já eram esperadas” e que o comunicado pode ser recebido positivamente. As ações da Heineken subiram cerca de 1% nas negociações iniciais.
A companhia reportou no terceiro trimestre queda de 0,3% na receita líquida, superando ligeiramente as expectativas de retração de 0,8%. O volume total de vendas recuou 4,3%, em linha com o previsto.
Entre os fatores que mais pesaram no desempenho estão a baixa demanda na América Latina e na Europa, especialmente em meio a tensões comerciais e desaceleração do consumo. No Brasil, a Heineken registrou queda de dois dígitos médios nos volumes (entre 10% e 20%), atribuída ao enfraquecimento do sentimento do consumidor e a uma disputa de preços com varejistas.
Apesar da retração, a empresa afirmou ter ganhado participação de mercado no Brasil e no México, além de mostrar melhora em mercados antes desafiadores, como o Vietnã. A companhia vê os problemas atuais como temporários e mantém a estratégia de longo prazo voltada ao crescimento sustentável do portfólio global de marcas.
A Heineken e outras gigantes do setor, como AB InBev e Carlsberg, enfrentam um cenário de mudança estrutural no consumo de bebidas alcoólicas, com redução de volumes em alguns países, avanço de alternativas à cerveja e impacto crescente de medicamentos voltados à perda de peso sobre hábitos de consumo.