Os fundos imobiliários de tijolo voltaram a concentrar a atenção dos investidores diante da expectativa de que o Banco Central inicie um novo ciclo de cortes da taxa Selic no primeiro trimestre de 2026. A perspectiva de juros mais baixos tem impulsionado o desempenho do IFIX, principal índice da indústria na B3, que encerrou outubro em um novo recorde histórico, aos 3.593 pontos.
Segundo Carolina Borges, analista da EQI Research, a sinalização de redução dos juros melhora a atratividade dos ativos de tijolo — aqueles que investem em imóveis físicos — especialmente nos segmentos com fundamentos sólidos, como logística e escritórios. “O investidor ainda encontra carrego interessante em recebíveis, mas o horizonte de início de cortes de juros melhora a assimetria para o tijolo”, avaliou a especialista.
Um levantamento do portal Money Times, que reuniu as carteiras recomendadas de 13 casas de análise, bancos e corretoras, identificou os nove fundos imobiliários mais indicados para novembro. Entre eles, apenas três pertencem ao segmento de papel (recebíveis), o que confirma o movimento de retomada do interesse pelos fundos lastreados em imóveis físicos.
Três fundos se destacaram com o maior número de recomendações — oito cada — entre as carteiras analisadas: BTG Pactual Logística (BTLG11), XP Malls (XPML11) e Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11). O BTLG11, especializado em galpões logísticos, acumula patrimônio líquido de R$ 4,6 bilhões, com 33 imóveis e 1,35 milhão de metros quadrados de área bruta locável (ABL). O Itaú BBA ressaltou a qualidade técnica dos ativos, a localização estratégica e a diversificação de inquilinos do fundo. O banco Daycoval também destacou a estabilidade das receitas e os contratos de longo prazo.
“O segmento logístico segue favorecido pela expansão do e-commerce e pela profissionalização da cadeia de distribuição no Brasil, o que deve continuar sustentando o desempenho do BTLG11”, avaliou o relatório do Daycoval.
O XP Malls (XPML11), que reúne participações em shoppings de grande porte localizados em regiões metropolitanas, voltou a figurar entre os mais recomendados após meses de ausência. De acordo com o Itaú BBA, a concentração em empreendimentos de classes A e B garante maior resiliência em momentos de desaceleração econômica. O fundo possui participação em 26 ativos, totalizando cerca de 330 mil m² de ABL própria distribuídos majoritariamente na região Sudeste.
Entre os FIIs de recebíveis, o destaque é o Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11), que mantém 99% de sua carteira atrelada aos juros, beneficiando-se do atual patamar elevado do CDI. Com 81 CRIs em portfólio e devedores como Brookfield, JHSF, BTG e MRV, o fundo combina diversificação e garantias robustas. Segundo o Santander, a gestão experiente e a exposição a ativos de crédito de qualidade reforçam o potencial de geração de renda consistente.
Para analistas, o cenário de juros em queda tende a ampliar o fluxo para fundos imobiliários, especialmente aqueles com patrimônio de qualidade e bom histórico de dividendos. Embora o movimento ainda seja gradual, o mercado já precifica um ambiente mais favorável para o tijolo, impulsionado pela perspectiva de valorização dos imóveis e pelo retorno atrativo frente à renda fixa.
Veja os FIIs mais recomendados para novembro:
| Código | Nome | Nº de recomendações | Tipo | Segmento |
|---|---|---|---|---|
| BTLG11 | BTG Pactual Logística | 8 | Tijolo | Logística |
| KNCR11 | Kinea Rendimentos Imobiliários | 8 | Papel | Recebíveis |
| XPML11 | XP Malls | 8 | Tijolo | Shoppings |
| BRCO11 | Bresco Logística | 6 | Tijolo | Logística |
| TRXF11 | TRX Real Estate | 6 | Tijolo | Renda urbana |
| KNSC11 | Kinea Securities | 5 | Papel | Recebíveis |
| PVBI11 | VBI Prime Properties | 5 | Tijolo | Lajes corporativas |
| MCCI11 | Mauá Capital Recebíveis Imobiliários | 5 | Papel | Recebíveis |
| LVBI11 | VBI Logística | 5 | Tijolo | Logística |









