O relatório de emprego dos Estados Unidos divulgado em novembro apresentou resultado acima das expectativas do mercado na criação de vagas, mas trouxe sinais mistos ao considerar outros indicadores do mercado de trabalho. Foram criados 64 mil postos de trabalho no mês, superando a projeção de 50 mil, segundo dados oficiais. Apesar disso, a taxa de desemprego avançou de 4,4% em outubro para 4,6% em novembro.
De acordo com Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, o conjunto de informações não permite uma leitura unidirecional sobre a dinâmica do emprego nos Estados Unidos. Ela observa que, embora o número de vagas criadas tenha surpreendido positivamente, o aumento do desemprego indica uma perda de fôlego em outros aspectos do mercado de trabalho.
O relatório também trouxe a divulgação dos dados de outubro, que indicaram a perda de 105 mil vagas. Segundo a analista, os números referentes a setembro e outubro foram fortemente impactados pelo shutdown do governo federal, o que comprometeu a coleta integral das informações e reduz a comparabilidade entre os meses.
Para o mercado financeiro, os indicadores de emprego são considerados centrais para a precificação da trajetória dos juros nos Estados Unidos. Após o corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que aumentaram os riscos de uma desaceleração do mercado de trabalho em ritmo mais rápido do que o anteriormente projetado.
Ainda assim, segundo Paixão, os dados mais recentes não exerceram influência relevante sobre as expectativas dos agentes econômicos. Na avaliação da analista, o relatório não forneceu um sinal claro sobre a tendência do mercado de trabalho, mantendo o cenário de incerteza quanto aos próximos passos da política monetária americana.
