O relatório de emprego dos Estados Unidos (Payroll) registrou criação de 73 mil postos de trabalho em julho, bem abaixo das 106 mil vagas esperadas pelo mercado. A surpresa negativa foi ampliada pelas fortes revisões nos dados de maio e junho, que passaram de 139 mil e 147 mil vagas para apenas 19 mil e 14 mil, respectivamente.
Segundo Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, o resultado sinaliza os primeiros efeitos das tarifas impostas recentemente e indica um arrefecimento mais rápido da economia americana. “Os números do Payroll, somados à queda no consumo das famílias observada na semana, mostram que a atividade pode desacelerar mais do que o projetado inicialmente, embora não se espere recessão”, explica.
O cenário mais fraco reacendeu as apostas de flexibilização monetária pelo Federal Reserve. Na última reunião, dois membros do comitê já haviam votado por cortes na taxa de juros, e, após a divulgação do dado, a curva de juros de 10 anos recuou quase 10 pontos-base. O mercado agora volta a precificar uma redução nos juros a partir de outubro.
Para Sara Paixão, o dado reforça a necessidade de monitorar os impactos da guerra tarifária sobre o mercado de trabalho e as próximas decisões do Fed. “Se o enfraquecimento do emprego se mantiver, o banco central pode ser forçado a acelerar o ciclo de cortes para sustentar a atividade”, avalia.
