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Dívida recorde dos EUA preocupa e tarifas de Trump elevam tensões econômicas

Segundo Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, a discussão ganhou ainda mais relevância diante da alta no custo de refinanciamento da dívida

O endividamento dos Estados Unidos, hoje em torno de 120% do PIB, segue no radar dos investidores globais por se tratar de um dos pilares de referência do mercado financeiro internacional. Os títulos do Tesouro americano, considerados ativos livres de risco, são usados como reserva por diversos países e servem como base para a definição das taxas de juros em várias economias.

Segundo Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, a discussão ganhou ainda mais relevância diante da alta no custo de refinanciamento da dívida. “Houve elevação na taxa de juros de curto prazo, com o Federal Reserve tentando manter a inflação sob controle, e também nos juros de longo prazo, devido à preocupação com a trajetória da dívida”, explica. Como exemplo, Sara destaca que os juros de 10 anos do Tesouro subiram de 1,78% em janeiro de 2022 para 4,52% em janeiro de 2025 — um salto de 200%.

Outro fator que intensificou o debate foi a vitória de Donald Trump nas eleições e a promessa de reduzir impostos para empresas americanas. De acordo com estimativas, o pacote aprovado pelo Congresso deve adicionar cerca de US$ 2,8 trilhões à dívida pública até 2034. Para tentar compensar o impacto, Trump aposta em tarifas sobre produtos importados — medida apelidada de “Tarifaço”.

A estratégia elevou a arrecadação tarifária: até o fim de junho, os EUA já haviam acumulado mais de US$ 87 bilhões, superando os US$ 79 bilhões de todo o ano de 2024. No entanto, Sara pondera que “as medidas não devem se compensar totalmente” e que o mercado ainda projeta avanço no endividamento nos próximos anos. Ela também ressalta a necessidade de observar efeitos colaterais da política tarifária, como aumento de custos na cadeia produtiva, riscos geopolíticos e alta nos preços de produtos importados no curto prazo.

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