O Brasil entrou definitivamente no mapa global das criptomoedas. Segundo o levantamento anual da empresa de blockchain e inteligência de dados Chainalysis, o país saltou da décima para a quinta posição mundial em 2025, consolidando-se como o líder de adoção cripto na América Latina.
Mais do que um marco numérico, o avanço reflete mudanças estruturais no comportamento dos investidores e na integração do sistema financeiro tradicional com o ecossistema digital.
Um dos motores desse crescimento é a massiva circulação de stablecoins, moedas digitais atreladas a ativos estáveis como o dólar. De acordo com o Banco Central, elas já representam 90% das transações de criptoativos no país, impulsionadas tanto por investidores de varejo que buscam proteção cambial e contra a inflação, quanto por instituições que enxergam oportunidades de longo prazo. As stablecoins têm funcionado como porta de entrada no universo cripto e devem continuar sendo pilares da expansão brasileira nesse mercado.
Outro fenômeno de destaque é o avanço dos fundos de criptomoedas listados em bolsa, os ETFs cripto. Estimulados pelo maior apetite ao risco global após os cortes de juros do Federal Reserve (Fed), os investidores brasileiros têm aumentado sua exposição ao dólar e a ativos digitais. Segundo a B3, o volume médio diário de negociações saltou de R$ 300 milhões em 2018 para R$ 1,8 bilhão em 2025. Atualmente, um terço do patrimônio líquido total dos ETFs cripto, estimado em R$ 5 bilhões, pertence a investidores institucionais.
A presença desses grandes players tem papel decisivo na profissionalização do mercado, favorecendo o debate sobre novos instrumentos financeiros, como contratos futuros de Ethereum (ETH) e opções de criptoativos. Além disso, a entrada de bancos, fintechs e corretoras tradicionais tem facilitado o acesso de milhões de brasileiros ao segmento, transformando a criptoeconomia em um movimento de massa.
Longe de representar uma ameaça à concorrência, o aumento da competitividade tem fortalecido o ecossistema como um todo. O Brasil possui uma população digitalmente engajada e carente de soluções financeiras mais inclusivas, o que abre espaço para a coexistência entre plataformas tradicionais e novos entrantes. O resultado é um mercado mais maduro, transparente e diversificado, que beneficia todos os participantes.
Outro fator que explica o protagonismo brasileiro é o avanço regulatório. Desde a aprovação do Marco Legal das Criptomoedas, o país tem liderado discussões sobre regras para prestadoras de serviços de ativos virtuais (PSAVs), stablecoins e o mercado de tokenização de ativos. O Banco Central e a CVM vêm conduzindo um diálogo amplo e colaborativo com o setor para construir um ambiente seguro e confiável de inovação financeira.
À medida que as novas regras forem implementadas, espera-se maior transparência, segurança e atração de investimentos — ingredientes que devem manter o país na vanguarda global da criptoeconomia.
Com esse ritmo de expansão e regulação estruturada, o Brasil está prestes a se consolidar como uma das maiores potências cripto do planeta, pavimentando um ciclo virtuoso de inovação, confiança e crescimento.