A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, “deixou a desejar” ao não considerar os indicadores econômicos do governo federal para reduzir a taxa básica de juros. A declaração foi feita em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast e ocorre na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva.
Segundo Gleisi, a decisão do BC ignora sinais de desaceleração da inflação e de melhora dos fundamentos econômicos observados nos últimos meses. “Eu acho que deixou a desejar, entendeu? O Galípolo. Deixou a desejar”, afirmou a ministra, ao comentar a postura do presidente da autoridade monetária.
Na entrevista, Gleisi também tratou de outros temas centrais da agenda do governo, como a reforma administrativa e a relação com o Congresso Nacional. Para ela, é “difícil” que o Legislativo aprove a proposta até o fim de 2026, diante do calendário eleitoral de 2025 e da mobilização de categorias do funcionalismo público contrárias à medida.
A ministra reforçou ainda a estratégia política de condicionar a liberação de emendas parlamentares não obrigatórias ao apoio às votações de interesse do Planalto. “Quando o parlamentar vota contra, não tenho por que soltar as emendas que não são obrigatórias”, declarou.
Durante a entrevista, Gleisi também comentou a megaoperação da Polícia do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha. Segundo ela, as ações têm sido conduzidas sem articulação adequada entre os entes federativos. “Hoje, os Estados nos tratam como provedores de equipamentos. Não sentam com o governo federal, não planejam a operação. Isso não é certo”, criticou.
As declarações refletem o momento de tensão entre o Palácio do Planalto e o Banco Central, em meio às expectativas de mudança na política monetária e à avaliação de nomes para compor a nova diretoria da instituição.








