A Petrobras caminha para encerrar 2025 com desempenho negativo no mercado acionário. Até 16 de dezembro, as ações acumulavam queda de 16%, movimento alinhado à desvalorização de cerca de 20% do petróleo Brent no ano. Além do recuo da commodity, contribuíram para o desempenho mais fraco as expectativas em torno do novo plano estratégico divulgado em novembro e a redução no volume de dividendos pagos em relação a períodos anteriores.
O cenário internacional também foi desfavorável. Ao longo do segundo semestre, análises de mercado destacaram uma combinação de demanda global mais fraca, níveis elevados de produção e incertezas geopolíticas. Casas como a XP Investimentos apontaram surpresa com o avanço da produção nos Estados Unidos e alertaram para riscos macroeconômicos associados a uma possível intensificação das tensões comerciais entre EUA e China. Há ainda a preocupação de que, a partir de 2027, o mercado enfrente um quadro de sobreoferta, com retomada da produção global, redução dos cortes da Opep e desaceleração do crescimento da demanda.
Diante desse contexto, a Petrobras buscou compensar o ambiente de preços mais baixos por meio de ganhos de eficiência operacional. A companhia elevou a produção para níveis superiores a 2,5 milhões de barris por dia, o que ajudou a mitigar parte dos impactos negativos sobre a geração de caixa. Mesmo com a menor atratividade dos dividendos, os resultados operacionais permaneceram sólidos ao longo do ano.
Nos nove primeiros meses de 2025, a estatal registrou lucro líquido de R$ 94,6 bilhões. O Ebitda ajustado somou R$ 177,3 bilhões, enquanto o fluxo de caixa livre alcançou R$ 72,3 bilhões. O segmento de Exploração e Produção continuou sendo o principal motor dos resultados, com receita de R$ 255,5 bilhões, crescimento de 3,6% em relação ao ano anterior. A produção de óleo, líquidos de gás natural e gás natural atingiu 3,14 milhões de barris de óleo equivalente por dia no terceiro trimestre, alta de 8% frente ao trimestre anterior.
O campo de Búzios se destacou ao longo do ano. O FPSO Almirante Tamandaré atingiu a meta de produção de 225 mil barris por dia antes do previsto e, em outubro, alcançou 270 mil barris diários, acima da capacidade nominal. No mesmo período, o conjunto das unidades do campo superou a marca de 1 milhão de barris por dia. A entrada em operação da UEP P-78 em 2025 também contribuiu para o aumento da capacidade produtiva.
Com maior disponibilidade de óleo, as exportações da Petrobras atingiram recorde no terceiro trimestre, com média de 814 mil barris por dia. Os investimentos acompanharam a expansão da produção. O capex acumulado no ano chegou a US$ 14 bilhões, alta de quase 29% em relação a 2024, com concentração no pré-sal da Bacia de Santos e na construção de novos FPSOs em Búzios, Atapu e Sépia. Em Refino, Transporte e Comercialização, os investimentos somaram cerca de US$ 600 milhões.
No segmento de Gás e Energias de Baixo Carbono, a receita atingiu R$ 35,56 bilhões, com destaque para a antecipação da entrega de 1,12 GW de potência das usinas termelétricas Ibirité e TermoRio. Do ponto de vista financeiro, a dívida bruta da companhia chegou a US$ 70,7 bilhões em setembro, enquanto a dívida líquida ficou em US$ 59,1 bilhões, com prazo médio de 11,36 anos.
O debate em torno da Margem Equatorial voltou ao centro das atenções em 2025, especialmente após a concessão de licença pelo Ibama para a perfuração de um poço exploratório. Analistas, no entanto, avaliam que o tema não tem impacto relevante no curto prazo sobre as ações.
Após a divulgação do plano estratégico 2026–2030, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou o compromisso da companhia com segurança energética, preservação ambiental e disciplina de capital. O plano prevê a entrada de nove novas plataformas, a contratação de embarcações para cabotagem, a retomada das fábricas de fertilizantes da Bahia e de Sergipe e a expansão de projetos de refino. A empresa estima uma economia de US$ 12 bilhões até 2030, em comparação com o plano anterior, por meio da revisão de projetos e simplificação de operações.
Analistas seguem divididos quanto ao desempenho das ações no curto prazo, mas mantêm a Petrobras no radar como uma tese de dividendos. Instituições como o Safra e a Empiricus Research apontam que, apesar do ambiente mais desafiador, a companhia negocia a múltiplos baixos e ainda oferece retorno relevante aos acionistas, mesmo sem a previsão de dividendos extraordinários no novo ciclo estratégico.








