Destaque
DestaqueEconomiaNotícias

IPCA-15 divide economistas sobre quando começa o corte da Selic

IPCA-15 de dezembro reforça incertezas sobre o início da flexibilização monetária

O resultado de dezembro do IPCA-15 reacendeu o debate sobre o momento adequado para o início do ciclo de cortes da taxa Selic, diante da aceleração dos preços de serviços, componente acompanhado de perto pela autoridade monetária. O comportamento desses itens reforçou uma leitura mais cautelosa entre economistas, que avaliam que a inflação ligada à demanda ainda não apresenta sinais consistentes de convergência para a meta.

Embora o índice traga indícios de desaceleração da inflação acumulada em 12 meses, após quatro anos acima de 4,5%, a dinâmica dos serviços segue como principal ponto de atenção. Esses preços tendem a reagir de forma mais direta ao mercado de trabalho e ao nível de atividade, fatores que dependem da política monetária conduzida pelo Banco Central do Brasil.

Para Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, o dado confirma uma redução gradual da inércia inflacionária, o que ajuda na leitura prospectiva para 2026. Ainda assim, ela avalia que o ritmo de desaceleração é especialmente lento no setor de serviços, o que mantém o desconforto do Banco Central em relação ao cumprimento da meta de 3%. Na visão da economista, apesar da postura cautelosa, o BC deixou em aberto a possibilidade de iniciar cortes já em janeiro, desde que novos dados indiquem arrefecimento dos serviços e do mercado de trabalho.

A leitura mais conservadora é compartilhada por parte do mercado. Matheus Pizzani, economista do PicPay, avalia que o início do ciclo de flexibilização monetária deve ficar apenas para março. Segundo ele, os bens industriais já refletem o efeito da política restritiva, mas os serviços ainda apresentam resistência, influenciados pelo dinamismo do emprego. Esse cenário, aliado às incertezas fiscais, limita o espaço para uma redução imediata dos juros sem comprometer o cumprimento da meta inflacionária no horizonte relevante.

No Itaú, a equipe liderada pelo economista-chefe Mário Mesquita reconhece que o ambiente evoluiu de forma mais favorável, com sinais de desaceleração da atividade e melhora qualitativa da inflação. Ainda assim, o banco aponta que a “barra está mais alta” para um corte em janeiro, diante de uma comunicação recente do Banco Central considerada cautelosa. Mesmo assim, a instituição mantém a projeção de início dos cortes no próximo mês, com a Selic chegando a 12,75% em 2026 e 11,75% em 2027.

Para Bruno Perri, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos, os dados mais recentes reforçam a percepção predominante do mercado de que um eventual ciclo de afrouxamento monetário tende a começar apenas a partir de março, à medida que haja maior confirmação de desaceleração consistente dos preços de serviços.

Postagens relacionadas

1 of 552