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Com aval da União, Correios fecham crédito de longo prazo com cinco bancos

Operação financeira prevê liberação escalonada de recursos até janeiro de 2026

Os Correios formalizaram a contratação de um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a um sindicato de cinco instituições financeiras. O extrato da operação foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União, confirmando a conclusão do acordo firmado na sexta-feira.

A operação conta com garantia integral do Tesouro Nacional, o que assegura o pagamento aos credores em caso de inadimplência da estatal. O aval da União foi condição indispensável para a viabilização do financiamento e reduz de forma significativa o risco para os bancos participantes.

Os recursos serão liberados de forma escalonada. Está prevista a entrada de R$ 10 bilhões ainda em 2025, enquanto os R$ 2 bilhões restantes devem ser disponibilizados até o fim de janeiro de 2026. A expectativa é que a primeira parcela seja creditada no caixa da empresa já no início da próxima semana.

O financiamento foi estruturado por um grupo formado por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil. Banco do Brasil, Caixa e Bradesco assumiram compromissos de R$ 3 bilhões cada, enquanto Itaú e Santander ficaram responsáveis por R$ 1,5 bilhão cada.

O custo financeiro da operação foi definido em 115% do CDI, abaixo do limite máximo de 120% exigido para a concessão da garantia soberana. Uma proposta anterior, com taxa de 136% do CDI, havia sido descartada por representar um custo adicional elevado ao longo do contrato, segundo avaliação do Tesouro.

O prazo total do empréstimo é de 15 anos, com carência de três anos para o início dos pagamentos. Inicialmente, a estatal buscava um financiamento de R$ 20 bilhões, valor considerado necessário para sustentar o plano de reestruturação previsto para 2025 e 2026. Essa proposta mais ampla, no entanto, não obteve aval do Tesouro devido às condições financeiras apresentadas.

A autorização para a concessão da garantia foi viabilizada por decreto que permitiu à área técnica da Fazenda avaliar a capacidade futura de pagamento dos Correios com base nas medidas previstas no plano de reestruturação, ainda não implementadas. Trata-se de um procedimento excepcional, pouco usual na concessão de aval soberano.

Além disso, o Conselho Monetário Nacional aprovou um limite específico de R$ 12 bilhões para a operação, uma vez que o espaço disponível para novos financiamentos públicos estava próximo do esgotamento.

Como o valor contratado ficou abaixo do inicialmente pretendido, a estatal deverá buscar novas fontes de financiamento ou aporte direto do Tesouro em 2026 para dar continuidade às medidas de reestruturação. Entre as iniciativas previstas estão a regularização de passivos, a implementação de um novo programa de demissão voluntária, a revisão da estrutura de cargos e salários e ajustes no plano de saúde dos empregados.

Paralelamente, os Correios enfrentam impasse nas negociações trabalhistas. A empresa tenta revisar cláusulas do acordo coletivo vigente, que considera incompatíveis com sua situação financeira atual. A proposta foi rejeitada pelos trabalhadores, que deflagraram greve nacional. O conflito deve ser resolvido por meio de dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho, com julgamento previsto para a próxima semana.

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