As estatísticas de crédito com ajuste sazonal divulgadas pelo Banco Central apontaram uma contração de 1,4% em novembro na comparação com outubro. O recuo foi disseminado entre os principais segmentos, alcançando tanto as operações destinadas às famílias quanto aquelas direcionadas às empresas, o que reforça os efeitos do atual ambiente monetário restritivo sobre a economia.
De acordo com a analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, Sara Paixão, a retração reflete diretamente o impacto da taxa Selic mantida em patamares historicamente elevados. Segundo a analista, o enfraquecimento do crédito contribui para aumentar a confiança do mercado em um eventual início do ciclo de cortes de juros no próximo ano, à medida que a política monetária segue produzindo efeitos contracionistas sobre a atividade.
Os dados mostram que o crédito às famílias apresentou queda de 0,6% no mês, enquanto o crédito às empresas registrou retração mais acentuada, de 2,2%. Para Paixão, esse movimento já vinha sendo antecipado pelas próprias instituições financeiras, que ao longo do ano passaram a projetar crescimento anual da concessão de crédito em apenas um dígito, sinalizando uma desaceleração mais ampla do setor.
Apesar desse cenário, a analista destaca que medidas de estímulo implementadas ao longo do ano ajudaram a amortecer parte dos efeitos do aperto monetário. Entre elas estão a ampliação do consignado privado e as alterações nas faixas do programa Minha Casa Minha Vida, que contribuíram para sustentar a oferta de crédito em determinados segmentos, mesmo em um ambiente de juros elevados.
Outro ponto observado nos dados recentes é o comportamento da inadimplência. Após registrar aumentos consecutivos em períodos anteriores, o indicador passou a apresentar relativa estabilidade, o que, segundo Sara Paixão, reduz riscos adicionais para o sistema financeiro e ajuda a compor um quadro mais equilibrado para a avaliação da política monetária nos próximos meses.









