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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que espera que o governo Lula reduza os gastos para se adequar às metas fiscais dos próximos anos. Durante palestra em evento do Safra, Campos Neto destacou que o arcabouço fiscal do país força uma diminuição nas despesas, o que já está incluído nas projeções do Banco Central. "O quanto será cortado ainda não podemos estimar, mas entendemos que haverá uma desaceleração de gastos", afirmou.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (24), reforçou a expectativa de que a redução de gastos contribuirá positivamente para o combate à inflação. No entanto, Campos Neto expressou preocupação com as expectativas de alta de preços acima da meta do Banco Central, o que ele chamou de "desancoragem das expectativas". Ele também considerou exagerada a precificação dos juros futuros.
Segundo o economista, discussões sobre novos gastos e programas do governo geram incertezas para os próximos anos, tanto no Brasil quanto em outros países. "Poucos países têm um resultado primário positivo", observou.
Campos Neto destacou ainda a relação histórica entre uma melhora fiscal e a redução de juros, e lembrou que o Banco Central elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual na semana passada, para 10,75% ao ano, em resposta à piora da inflação e das expectativas.
Ele também comentou sobre a coesão nas últimas reuniões do Copom e a necessidade de comunicar de forma clara as decisões tomadas. Campos Neto afirmou que a taxa de juros para janeiro de 2026 está em 12,25% ao ano, enquanto a taxa para dez anos alcançou 12,36%. No entanto, ele ressaltou que o papel do Banco Central não é julgar os preços de mercado, mas sim interpretar o que eles indicam, destacando que incertezas em torno da transparência e qualidade dos dados sobre os gastos do governo geram ruídos no longo prazo.