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Os ETFs de renda fixa, ainda pouco populares no Brasil, podem encontrar uma oportunidade de crescimento diante da atual volatilidade nas expectativas para a taxa Selic. Segundo especialistas, esses fundos de índice podem ser uma alternativa interessante para investidores que buscam estratégias táticas, aproveitando oscilações de curto prazo no mercado.
A possibilidade de ganhos superiores aos títulos individuais, como Tesouro Direto e debêntures, ocorre devido às variações nos preços dos papéis no mercado secundário. No entanto, a adesão do público ainda é tímida: de acordo com a Anbima, os ETFs de renda fixa representam menos de 19% dos recursos aplicados em ETFs e apenas 0,12% do patrimônio total dos fundos de investimento no país.
Vantagens e desafios dos ETFs de renda fixa
Para Filipe Arend, chefe de renda fixa da FAZ Capital, esses fundos oferecem três benefícios principais em relação à compra direta de títulos: agilidade na negociação em bolsa, maior diversificação com custos reduzidos e vantagens tributárias. O sistema de marcação a mercado, que ajusta diariamente o valor dos títulos conforme o mercado secundário, é o mecanismo que gera volatilidade, mas também cria oportunidades de lucro para operações de curto prazo.
Ainda assim, essa dinâmica complexa não é ideal para todos os perfis de investidores. “Os ETFs de renda fixa são mais indicados para quem acompanha o mercado de perto e sabe identificar bons momentos para entrar e sair das posições”, explica Antonio Sanches, analista da Rico.
Comparação com investimentos tradicionais
Investir diretamente em títulos públicos ou privados oferece previsibilidade, com rentabilidade garantida até o vencimento. Já os ETFs não têm prazo de vencimento definido, sendo influenciados diariamente pelo comportamento do mercado.
Apesar da volatilidade, os ETFs de renda fixa apresentam algumas vantagens, como a tributação fixa de 15% no Imposto de Renda, independentemente do prazo de resgate. Em comparação, aplicações em títulos de renda fixa podem ter alíquotas de até 22,5% para prazos mais curtos.
Além disso, a liquidez dos ETFs, negociados diretamente na bolsa, permite que investidores aproveitem janelas de oportunidade com facilidade. Atualmente, cerca de 20 ETFs de renda fixa estão listados no Brasil, o que ainda limita o volume de negociações devido à baixa demanda e ao alto custo de lançamento de novos índices.
O futuro dos ETFs de renda fixa no Brasil
Embora os ETFs de renda fixa enfrentem desafios para se popularizarem, especialmente entre investidores iniciantes, especialistas apontam que a diversificação, a eficiência tributária e a flexibilidade operacional podem impulsionar o interesse por esses ativos.
Para Renato Eid, da Itaú Asset Management, a cultura de investimentos em fundos ainda está em desenvolvimento no Brasil, o que pode explicar a resistência dos pequenos investidores. Mesmo assim, ele destaca que mesclar ETFs de renda fixa com títulos tradicionais pode ser uma estratégia eficiente para compor uma carteira equilibrada e diversificada.