Haddad defende arcabouço fiscal e promete medidas de qualidade para conter avanço da dívida pública
Em carta enviada ao Comitê do FMI (IMFC), Haddad destacou os avanços promovidos pelo novo arcabouço fiscal

Durante as reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro está comprometido com medidas de ajuste fiscal “de alta qualidade”. Em carta enviada ao Comitê do FMI (IMFC), Haddad destacou os avanços promovidos pelo novo arcabouço fiscal, que, segundo ele, substituiu políticas erráticas do passado e tem garantido espaço para investimentos sociais sem comprometer a sustentabilidade da dívida no longo prazo.

Apesar da defesa enfática do novo modelo, o FMI projetou um cenário mais desafiador: a relação entre dívida pública e PIB deve saltar de 87,3% para 92% neste ano, uma deterioração de mais de 12 pontos percentuais ao longo do governo Lula. Mesmo assim, Haddad ressaltou que o governo tem adotado estratégias para alinhar o aumento de gastos obrigatórios, como os reajustes do salário mínimo, ao novo regime fiscal, evitando desequilíbrios.

Do lado das receitas, o ministro afirmou que há esforço para ampliar a progressividade tributária e eliminar subsídios ineficientes, que corroem a base arrecadatória. Ele também pontuou que, desde o segundo semestre de 2024, a estratégia de consolidação fiscal gradual tem colaborado para o fechamento do hiato do produto, em sintonia com uma política monetária mais restritiva.

No entanto, Haddad alertou para pressões inflacionárias persistentes, alimentadas por choques climáticos que elevaram os preços de alimentos e energia. O núcleo da inflação — que exclui esses itens voláteis — continua elevado, sinalizando pressões subjacentes. Segundo ele, o Banco Central tem respondido com firmeza, mantendo a taxa básica de juros em patamar elevado. Desde meados de 2024, o BC elevou a Selic em 3,75 pontos percentuais, incluindo um aumento de 1 ponto em março deste ano.

Ainda no combate à inflação, o governo reduziu a zero as tarifas de importação de diversos produtos, buscando conter a alta nos preços dos alimentos. Medidas regulatórias e comerciais também foram implementadas com o mesmo objetivo.

Sobre o desempenho econômico, Haddad destacou que o Brasil tem crescido acima das expectativas do mercado e do próprio FMI após anos de fraco desempenho. Para 2025, contudo, ele projeta desaceleração: o PIB deve crescer 2,3%, após altas de 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024. O FMI, mais cauteloso, estima avanço de apenas 2,0% no próximo ano — uma redução de 0,2 ponto percentual em relação à projeção anterior.

Apesar das incertezas globais e da política monetária restritiva, o governo aposta na convergência do crescimento para o potencial de 2,5% ao ano, amparado por reformas estruturais e pela solidez do novo arcabouço fiscal.

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