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O Brasil encerrou 2024 com uma inflação de 4,83%, descumprindo pela oitava vez o sistema de metas estabelecido em 1999. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 10, o centro da meta para o ano era de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, permitindo que o índice oscilasse entre 1,5% e 4,5%. O resultado acima do teto reflete uma tendência recente: nos últimos quatro anos, a meta foi descumprida em três ocasiões, 2021, 2022 e 2024. Para 2025, as projeções indicam que o descumprimento pode se repetir, com a mediana das previsões consultadas pelo Projeções Broadcast apontando para um IPCA de 5%.
A partir de 2025, o regime de metas de inflação no Brasil passará por uma mudança importante, tornando-se contínuo. Sob o novo sistema, a meta será considerada descumprida caso a inflação ultrapasse o teto ou fique abaixo do piso por seis meses consecutivos, em vez de ser avaliada anualmente. Essa alteração exigirá ajustes na política monetária do Banco Central, que enfrentará desafios adicionais para controlar os preços em um cenário de desaceleração econômica e incertezas fiscais.
Os dados do IBGE também mostram que, em dezembro de 2024, a inflação acelerou para 0,52%, registrando uma alta de 0,13 ponto percentual em relação à taxa de novembro (0,39%). Essa alta foi puxada principalmente pelo grupo Alimentação e Bebidas, que registrou a maior variação mensal (1,18%) e o maior impacto no índice geral (0,25 ponto percentual). O grupo de Transportes também teve alta significativa de 0,67%, enquanto o Vestuário apresentou a segunda maior variação mensal, com um aumento de 1,14%, após uma queda de 0,12% em novembro. Por outro lado, o grupo Habitação foi o único a registrar queda, com recuo de 0,56%, aliviando parcialmente a pressão inflacionária.
Com a inflação persistindo acima da meta e as previsões apontando para novos descumprimentos em 2025, o Banco Central enfrenta um cenário desafiador. A mudança no regime de metas adiciona complexidade à gestão da política monetária, especialmente em um ambiente de incertezas econômicas e pressões inflacionárias globais. O impacto da inflação elevada vai além dos números, afetando diretamente o poder de compra das famílias e os custos das empresas. A trajetória inflacionária de 2025 será crucial para avaliar a eficácia do novo regime de metas e a capacidade do Banco Central de estabilizar os preços em um cenário de múltiplos desafios.