Inflação no Brasil pode subir para 4% em 2025 se dólar se mantiver no nível atual, aponta economista
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O economista-chefe do Banco Daycoval, Rafael Cardoso, afirmou que, caso o dólar permaneça no patamar atual, a inflação brasileira poderá aumentar de 3,5% para 4,0% em 2025. Segundo Cardoso, o ciclo de alta da taxa Selic, conduzido pelo Banco Central, pode levar a taxa de juros para até 13% ao ano, dependendo do comportamento dos preços e das expectativas do mercado financeiro.
O Banco Daycoval projeta atualmente um IPCA de 3,5% para o próximo ano, mas alerta que, sem uma valorização do real em relação ao dólar, esse índice poderá subir para 4%. “Considerando o câmbio atual, nossa inflação para o ano que vem poderia ser 0,5 ponto percentual mais alta. Essa é uma razão de preocupação”, ressaltou o economista.
Inflação de serviços e desemprego em baixo nível colocam pressão no BC
Cardoso destacou que a inflação de serviços se mantém elevada devido ao mercado de trabalho aquecido. A taxa de desemprego no Brasil foi de 6,4% no terceiro trimestre de 2024, o segundo menor nível da série histórica iniciada em 2012. Esse cenário, junto com a alta do dólar, reforça a necessidade de uma política monetária mais rígida, o que pode acelerar o ritmo de alta dos juros.
Para o Banco Central, o foco é a chamada taxa terminal, ou seja, o patamar da Selic que finaliza o ciclo de ajuste monetário. De acordo com o Boletim Focus, analistas financeiros projetam que a taxa de juros subirá para 12% ao ano na primeira reunião de 2025. Cardoso observou que, embora o ritmo de alta, de 50 pontos-base, já esteja praticamente definido, ainda há incerteza sobre a extensão total desse ciclo de elevação dos juros.
Contas Públicas e Impacto no Câmbio
O economista também comentou o atraso no anúncio de medidas de controle fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugerindo uma falta de consenso dentro do governo. Agentes financeiros esperavam novidades após as eleições municipais, mas o adiamento indica dificuldades internas para aprovação das medidas. “Esse adiamento sugere que não houve consenso interno, e é provável que o pacote de medidas, quando anunciado, seja menor do que o esperado”, disse Cardoso, acrescentando que prefere um pacote de medidas crível, ainda que atrasado.