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A inflação brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou uma aceleração de 0,56% em outubro, após alta de 0,44% em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação, em outubro de 2023, o índice havia subido 0,24%.
O resultado de 0,56% em outubro superou a mediana das estimativas de analistas consultados pelo Valor Data, que projetavam um aumento de 0,53%. As previsões variavam entre 0,45% e 0,68%.
IPCA em 12 meses ultrapassa teto da meta do Banco Central
Com o índice de outubro, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses chegou a 4,76%, o maior valor para o período desde outubro de 2023 (4,82%). Esse resultado também ficou acima da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e perseguida pelo Banco Central, estabelecida em 3% para 2024, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
No acumulado de janeiro a outubro de 2024, a inflação brasileira atingiu 3,88%, em comparação com o aumento de 4,82% registrado no mesmo período de 2023.
Setores com maior impacto na inflação
Das nove categorias de despesas avaliadas, cinco apresentaram aceleração na passagem de setembro para outubro. Os setores que mais contribuíram para a alta de preços foram:
- Alimentação e bebidas: aumento de 0,50% para 1,06%;
- Artigos de residência: de -0,19% para 0,43%;
- Vestuário: de 0,18% para 0,37%;
- Despesas pessoais: de -0,31% para 0,70%;
- Comunicação: de -0,05% para 0,52%.
Outros setores, porém, registraram desaceleração ou queda. Em habitação, a inflação passou de 1,80% para 1,49%, enquanto o setor de transportes teve deflação de -0,38% após alta de 0,14% em setembro.
Energia elétrica tem forte impacto no índice
A energia elétrica foi um dos principais itens a pressionar o IPCA de outubro, com um aumento de 4,74%, o que contribuiu com 0,20 ponto percentual para o índice mensal. Esse aumento reflete a implementação da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. Em setembro, a bandeira vigente era a vermelha patamar 1, com um adicional menor, de R$ 4,463 a cada 100 kWh.
Reajustes tarifários em algumas regiões também influenciaram a alta. Goiânia teve um reajuste de 9,62%, enquanto Brasília e São Paulo registraram reduções tarifárias de 2,98% e 2,88%, respectivamente, a partir de 22 e 23 de outubro.
A aceleração da inflação em outubro indica que a pressão sobre os preços, especialmente em setores essenciais como energia e alimentos, continua a desafiar as metas de controle inflacionário do Banco Central, mantendo atenção sobre as políticas econômicas para o restante de 2024.