Maioria do mercado descarta alta de 1 ponto na Selic em maio
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Questionário pré-Copom do BC apontou que 81% dos analistas do mercado defendiam alta menor que 1 ponto na Selic em maio, 18% opinavam que deveria aumentar em 1 ponto

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi considerado por alguns analistas como mais brando em sua última reunião, já que não sinalizou uma nova elevação da Selic para maio. No entanto, o questionário pré-Copom, divulgado nesta quarta-feira (5), revela que apenas uma minoria dos analistas defendia a continuidade desse ritmo mais agressivo de alta nos juros.

De acordo com o levantamento, realizado nas vésperas das reuniões do comitê, 18% dos economistas acreditavam que o Copom deveria manter o aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros em maio, enquanto 1% defendia um aumento ainda mais expressivo, de 1,25 ponto percentual. A maioria, 81%, considerava mais adequado um ajuste menor do que 1 ponto percentual.

Diferente da pesquisa Focus, que apresenta a mediana das expectativas do mercado, o questionário pré-Copom também solicita que os analistas indiquem qual seria, em sua opinião, a decisão mais apropriada para a taxa Selic. Em dezembro, o Copom surpreendeu o mercado ao elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e sinalizar novos aumentos da mesma magnitude em janeiro e março, o que se concretizou, levando a taxa a 14,25%.

Na última reunião, contudo, o BC não antecipou novos aumentos para maio, o que foi interpretado por alguns analistas como uma postura mais cautelosa. O Copom preferiu deixar em aberto os próximos passos, condicionando-os ao comportamento da atividade econômica, à influência do câmbio sobre a inflação e às expectativas inflacionárias.

O questionário também revelou que 40% dos analistas preveem um aumento da Selic superior a 0,5 ponto percentual em maio, enquanto 49% recomendam um ajuste maior que esse. Esse dado contrasta com o boletim Focus, que aponta uma expectativa mediana de alta de 0,5 ponto.

Há, no entanto, uma aparente inconsistência entre as recomendações para a Selic e o cenário inflacionário projetado pelos próprios analistas. A mediana das projeções para a inflação em 2026 está em 4,33%, bem acima da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central, e próxima do limite superior da faixa de tolerância, de 4,5%. Além disso, 67% dos economistas acreditam que os riscos para a inflação estão concentrados na alta, enquanto apenas 2% veem riscos de baixa.

Essas projeções indicam que o atual ritmo de aperto monetário pode ser insuficiente para trazer a inflação de volta à meta no horizonte relevante da política monetária. O cenário se agrava com a previsão de que a inflação de serviços – geralmente mais sensível à atividade econômica – deverá subir de 5,5% para 6,1% em 2025. Para 2026, a expectativa é de 5,4%, com 75% dos analistas prevendo que o índice ultrapassará o teto da meta.

Por outro lado, o questionário mostra que o mercado compartilha da preocupação do Copom com uma possível desaceleração econômica mais intensa. A projeção é de que o PIB, que cresceu 3,5% em 2024, desacelere para 2% em 2025. Para 47% dos analistas, o risco maior é de que o crescimento econômico fique abaixo do esperado, enquanto apenas 15% enxergam a possibilidade de uma alta mais robusta. Outros 39% acreditam que os riscos estão equilibrados.

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