Pressão por reajustes cresce com defasagem nos preços de combustíveis da Petrobras em 2025
Estimativas da consultoria StoneX indicam que o diesel opera com uma defasagem de 8,9%, enquanto a gasolina está 12,3% abaixo dos preços internacionais

Os preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil começaram 2025 com uma significativa defasagem em relação ao mercado internacional, impulsionada pela alta do dólar no final de 2024. Este cenário intensifica a pressão por reajustes na gasolina e no diesel, após um ano de relativa estabilidade nos preços. Estimativas da consultoria StoneX indicam que o diesel opera com uma defasagem de 8,9%, enquanto a gasolina está 12,3% abaixo dos preços internacionais. Outras projeções, como da Abicom e da XP, apresentam diferenças ainda maiores, destacando um desalinhamento expressivo nos preços praticados pela estatal.

Em 2024, a Petrobras ajustou o preço da gasolina apenas uma vez, em julho, com um aumento de 7,04%. Já o diesel não teve alterações desde dezembro de 2023, quando sofreu um corte de 7,85%. Desde que abandonou a política de paridade de importação (PPI), a estatal passou a adotar uma fórmula que considera fatores nacionais, como logística e condições de produção, além das variações do petróleo Brent e do câmbio.

O preço do petróleo fechou 2024 em US$ 74,24 por barril, uma queda de 3,74% em relação a 2023. No entanto, o dólar permaneceu forte, atingindo R$ 6,18 no início de janeiro de 2025, agravando a defasagem. Segundo cálculos da StoneX, essa diferença equivale a R$ 0,30 por litro para o diesel e R$ 0,36 para a gasolina. A Abicom aponta uma defasagem ainda maior, de R$ 0,67 por litro no diesel e R$ 0,37 na gasolina. A situação é exacerbada pela entrada de diesel russo no mercado nacional, vendido a preços subsidiados.

Especialistas, como Thiago Vetter, da StoneX, acreditam que a valorização do dólar e o recente aumento do Brent podem levar a Petrobras a revisar seus preços, embora a estatal tenha mantido os valores mesmo diante de defasagens mais altas anteriormente. Victor Arduin, da Hedgepoint Global Markets, observa que o contexto fiscal brasileiro e as incertezas sobre políticas protecionistas nos Estados Unidos podem sustentar a alta do câmbio, dificultando um alívio nas pressões sobre os preços internos.

Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), destacou que o governo e a Petrobras tiveram "sorte" em 2024 devido à estabilidade do câmbio e do petróleo, mas a recente valorização do dólar demanda ajustes nos preços para garantir maior lucratividade e competitividade. Por outro lado, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) ressaltou que os preços nas refinarias encerraram 2024 com queda de mais de 20% em comparação a 2022, antes da mudança na política de precificação.

Em nota, a Petrobras reafirmou que sua estratégia comercial considera as melhores condições de produção e logística, mitigando a volatilidade do mercado internacional e do câmbio. A empresa destacou que sua abordagem garante competitividade, estabilidade para os clientes e resultados operacionais sustentáveis, como demonstrado pelos R$ 32,9 bilhões de lucro líquido no terceiro trimestre de 2024. No entanto, o impacto dessa estratégia sobre os consumidores e o mercado segue em discussão, especialmente diante das expectativas de novos ajustes de preços em 2025.

redacao
Conta Oficial Verificada