Tensões comerciais entre EUA e China podem gerar consequências econômicas graves, alerta FMI
EUA e a China estão reduzindo o comércio direto entre si, redirecionando parte dessas transações para outras nações

As crescentes tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China podem trazer consequências econômicas "custosas" para o mundo todo, alertou Gita Gopinath, vice-diretora administrativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), em entrevista à CNBC na quarta-feira (23). Gopinath ressaltou que o comércio global tem sido cada vez mais influenciado por fatores geopolíticos, o que está mudando as relações comerciais entre países.

Ela observou que os EUA e a China estão reduzindo o comércio direto entre si, redirecionando parte dessas transações para outras nações. A escalada das disputas comerciais entre essas duas potências, assim como entre a União Europeia e a China, vem se intensificando em 2024, com tarifas mais altas sendo implementadas de ambos os lados, como resultado de alegações de práticas comerciais desleais por parte de Pequim.

A China, em resposta, também impôs tarifas temporárias sobre algumas importações da UE. Segundo Gopinath, a modelagem do FMI indica que qualquer aumento adicional nas tarifas teria um impacto econômico negativo global. "A produção será muito menor do que projetamos para todos os países, e haverá pressão inflacionária", disse Gopinath, durante a reunião anual do FMI em Washington. Ela enfatizou que esse caminho deve ser evitado, pois resultaria em prejuízos para todos.

Comércio global sob pressão

Os comentários de Gopinath seguem as declarações da diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, que, na semana anterior, afirmou que o comércio internacional não desempenhará mais o papel de "motor de crescimento" como no passado. Georgieva também alertou que medidas comerciais retaliatórias podem prejudicar tanto os países que as impõem quanto seus alvos.

A crescente adoção de políticas protecionistas está afetando o comércio global de maneira significativa. O recente relatório Perspectivas Econômicas Mundiais do FMI ressaltou que essas políticas representam um risco significativo para o crescimento econômico a médio prazo. “Um recuo generalizado de um sistema de comércio global baseado em regras está levando muitos países a tomarem ações unilaterais. Uma intensificação dessas políticas não apenas aumentaria as tensões comerciais globais e interromperia as cadeias de suprimentos, mas também poderia prejudicar as perspectivas de crescimento global", aponta o relatório.

Impactos sobre a inflação e os juros

Outro alerta veio de Tim Adams, CEO do Instituto de Finanças Internacionais, que afirmou que as propostas tarifárias do ex-presidente e candidato à presidência dos EUA, Donald Trump, poderiam interromper o caminho da desinflação e resultar em taxas de juros mais altas.

Gopinath destacou a importância de manter boas relações comerciais entre os EUA e a China, argumentando que tal cooperação é crucial para a economia global. "É do interesse de todos que esses relacionamentos sejam mantidos", afirmou.

À medida que as disputas comerciais entre as grandes economias do mundo aumentam, o FMI e outras organizações alertam para o potencial de disrupção nas cadeias globais de suprimentos, impactos sobre a inflação e uma desaceleração generalizada do crescimento econômico global.

redacao
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