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A recente ação civil movida pelo Itaú Unibanco contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro da instituição, e Eliseu Martins, um dos mais renomados especialistas em contabilidade do Brasil, surpreendeu profundamente a comunidade acadêmica e jurídica. Ambos possuem carreiras marcadas por reconhecimento e prestígio, o que torna as acusações ainda mais impactantes.
De acordo com investigações conduzidas pelo banco, Broedel teria se beneficiado financeiramente de contratos firmados com a empresa de Martins, por meio de uma estrutura financeira que envolveria outras empresas e possibilitaria o retorno de parte dos valores ao ex-executivo.
A divulgação do caso causou grande repercussão, mas poucos contemporâneos de Broedel e Martins se dispuseram a comentar as acusações. Em caráter reservado, a maioria manifestou surpresa e preferiu aguardar o aprofundamento das investigações antes de emitir julgamentos. Eliseu Martins, que dirigiu a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) entre 1998 e 2002, é uma referência na área contábil.
Sua trajetória inclui passagens pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Banco Central, onde atuou como diretor no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Broedel, por sua vez, pertence a uma geração mais jovem, mas também construiu uma carreira notável, com graduação em Ciências Contábeis pela USP, título de professor titular do curso de contabilidade, e passagem pela diretoria da CVM entre 2010 e 2012.
Apesar do histórico de ambos, as acusações foram classificadas como extremamente graves por especialistas. Um advogado com ampla experiência em direito societário ressaltou que, se comprovadas, as denúncias indicam uma "falta de lealdade relevante com o empregador" e que o Itaú dificilmente teria avançado com o caso sem provas concretas. Ele também destacou que casos como esse podem comprometer de forma definitiva o prestígio profissional dos envolvidos.
Entre os que manifestaram publicamente sua opinião, Ariovaldo dos Santos, professor da FEA-USP e ex-colega de ambos, considerou as acusações “absolutamente inaceitáveis e inacreditáveis”. Santos, que trabalhou com Broedel e Martins em diversos projetos ao longo de mais de 50 anos, expressou confiança de que ambos conseguirão esclarecer as denúncias. Ele destacou o aprendizado que teve com os dois, tanto em questões acadêmicas quanto comportamentais, reiterando a surpresa com os acontecimentos.
A assessoria de imprensa de Broedel classificou as acusações como infundadas e afirmou que o ex-diretor tomará medidas judiciais para se defender. Eliseu Martins, até o momento, não se pronunciou sobre o caso. O episódio continua a gerar debates e apreensão no meio profissional, enquanto o mercado aguarda os desdobramentos das investigações.