Corretora celebra projeto de regulação do setor no país enquanto sofre pressão da SEC para suspender atividade de staking

A Coinbase anunciou sua chegada oficial ao Brasil  disponibilizando todos os serviços da plataforma para usuários do país. Através de parceria com a EBANX, a exchange já inicia as operações oferecendo depósitos e saques em reais, através de Pix. 

Nana Murugesan, vice-presidente de Business Development e Negócios Internacionais, e Fabio Plein, Country Director para o Brasil, falaram ao Cointelegraph Brasil sobre os planos da Coinbase para o país.

“Estamos muito animados quanto aos nossos esforços de expansão internacional. Mesmo no ciclo de baixa entre 2016 e 2017, fizemos um movimento de expansão para o Reino Unido e outras regiões da Europa, e agora temos uma forte presença lá. Foi uma ótima estratégia para nós. Nesse ciclo de baixa, estamos fazendo o mesmo movimento de expansão”, diz Murugesan.

Chegada oficial ao Brasil

A Coinbase conta com 110 milhões de usuários e, desde novembro de 2021, já está presente no país. Apesar da inserção no Brasil através de um hub criado pela exchange, que já coletava feedbacks de usuários brasileiros há alguns meses, a empresa se manteve distante dos holofotes até agora.

“Trouxemos para o Brasil os mesmos produtos e a mesma experiência do usuário que nos fizeram ser a maior exchange dos Estados Unidos”, afirma Fabio Plein. Ele diz que o país é estrategicamente importante para a Coinbase pela sua população jovem, predisposição a desbravar novas tecnologias e ter o maior índice de adoção de criptoativos da América Latina.

Com a chegada oficialmente revelada, Plein afirma que disponibilizará todos os seus serviços aos brasileiros, incluindo: 243 criptoativos, um marketplace de NFTs, staking de ativos digitais e um serviço de carteira para ativos digitais.

Estratégia em duas frentes

O VP de Business Development da Coinbase explica que, nas próximas oito semanas, uma forte ação de expansão ao redor do mundo será executada pela empresa. A movimentação será dividida em duas abordagens diferentes: uma mais aprofundada, focada em criar uma ‘base’ no país, e outra focada em estabelecer presença de forma ampla. O objetivo desta estratégia é embarcar um bilhão de pessoas no mercado de criptomoedas.

“Em nossa abordagem mais aprofundada, estamos nos comprometendo em estabelecer uma presença local, com uma equipe e um leque de produtos completo para o varejo, instituições, e desenvolvedores. Essa será a abordagem no Brasil”, completa Murugesan. 

Quanto à abordagem mais ampla, Murugesan explica que ela será direcionada aos países onde é possível oferecer os produtos da exchange sem a necessidade de uma operação local completa.

Avanços regulatórios

Os Estados Unidos são a maior economia do mundo, e é natural que o cenário financeiro global observe atentamente os movimentos do país. No mercado cripto, no entanto, Nana Murugesan avalia que o mundo está fazendo avanços, com ou sem a presença dos EUA.

“Existem muitos avanços regulatórios, e é muito animador ver países como o Brasil que, mesmo antes desse movimento maior buscando estruturas regulatórias, já abraçava a indústria cripto com um viés de inovação”, afirma o VP de Business Development da Coinbase.

Sobre a regulamentação no Brasil, Fabio Plein também elogia a postura dos reguladores diante do mercado de ativos digitais.

“Regular as criptomoedas é como regular a internet: são criadas regras para algo que não existia antes. O que vemos como valioso na postura dos reguladores brasileiros é que eles abraçam a necessidade de regras para proteger investidores, mas também abraçam a tecnologia, promovendo um ambiente onde podemos discutir, colaborar e aprender juntos”, avalia Plein.

O Country Director da Coinbase disse também que a empresa planeja ser parte ativa do mercado brasileiro de ativos digitais, participando de seu crescimento. Até o momento, por enquanto, a exchange ainda não se filiou a nenhuma associação no país, embora estude a possibilidade, afirmou Plein.

Colaboração com o Brasil

Para Murugesan, a disposição dos reguladores brasileiros em debater sobre criptoativos pode, em breve, beneficiar outros países. Isso porque, em 2024, o Brasil presidirá o G20, grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, e a União Europeia.

“As criptomoedas se tornaram parte da agenda do G20, e com o Brasil assumindo a presidência do grupo em 2024, essa agenda de inovação pode crescer. E podemos ser participantes ativos, seja através de associações ou através de participações com o governo”, afirma Muruguesan. 

Nesse sentido, Plein comenta que a Coinbase tem participado ativamente de debates regulatórios ao redor do mundo. Essa experiência, ele acrescenta, pode ser usada para auxiliar o Brasil na construção de um cenário regulatório saudável. 

Outro tópico de colaboração apontado por Murugesan é o Real Digital. Ele elogia a visão do Banco Central em relação à tokenização, já que a versão digital do real pode criar uma camada digital única de liquidez para diferentes instituições financeiras. “Ficaríamos muito animados em poder colaborar com o Banco Central, indo mais a fundo com o Pix e pensando em mais casos de uso”, acrescenta o VP de Business Development.

Atenção às empresas brasileiras

A Coinbase possui um braço ativo de investimentos, a Coinbase Ventures. Desde sua abertura, em 2018, a Coinbase Ventures já investiu US$ 4,74 bilhões em projetos de criptomoedas. Em 2023, a área de investimentos da empresa já injetou US$ 86,2 milhões a iniciativas do mercado cripto.

Murugesan e Plein afirmam que a Coinbase Ventures “absolutamente” buscará empresas do mercado brasileiro para investimento. “Quando uma região faz parte da nossa abordagem mais aprofundada, como o Brasil, damos muita atenção ao que está sendo desenvolvido nela. Então, definitivamente sim, pretendemos investir em empresas do país”, conclui Murugesan.

Gino Matos

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