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Os ataques cibernéticos, em suas diferentes modalidades, não param de crescer no Brasil. Segundo a Trend Micro, empresa global da área de cibersegurança, só em 2023 foram bloqueados no país 161 bilhões de ataques, 10% a mais do que em 2022 e quase o dobro do número de ameaças registradas há 5 anos, que beirou 82 milhões.
Sob este cenário, a busca por proteção também aumenta. Levantamento da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) aponta que a procura por seguro de riscos cibernéticos cresceu 880% nos últimos 5 anos, passando dos R$ 20,7 milhões arrecadados em 2019 para R$ 203,3 milhões em 2023. Na comparação com 2022, o avanço foi de 17,1%.
O primeiro seguro cibernético foi ofertado, em 2012, no Brasil. A proteção começou para pessoas jurídicas e segue mantendo grande procura entre este público que busca soluções para proteger seus negócios.
Segundo João Fontes, membro da subcomissão de linhas financeiras da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais), o apetite das seguradoras pela oferta desta cobertura também aumenta. Em 2022, eram 10 companhias do setor operando no ramo cibernético. Até fevereiro deste ano, o número já saltou para 14.
Pequenos negócios são mais vulneráveis
Negócios de pequeno e médio porte são os mais vulneráveis por falta de estrutura na blindagem dos sistemas digitais que controlam a empresa, o que os tornam alvo predileto das invasões de hackers. Os números comprovam isso: as PMEs receberam 62% dos ataques realizados em 2022, segundo a IBM.
De olho neste mercado, seguradoras vêm criando produtos específicos para proteger os negócios PME dos riscos envolvidos nas ocorrências do tipo. A BS2 Seguros, sociedade entre o Banco BS2 e o grupo sul-africano Traficc, e a Latú, insurtech de seguros empresariais, firmaram parceria para ofertar seguro cyber para pequenas e médias empresas. A expectativa da seguradora é obter incremento de 10% em receita neste ano.
O seguro cibernético tem como objetivo dar cobertura em casos de roubo de dados, extorsões cibernéticas, multas e indenizações em decorrência da violação de dados e interrupção dos serviços. “Hoje, toda grande empresa tem uma apólice [contrato] para seus dados”, diz Adriano Romano, CEO da BS2 Seguros. “Mas, quando olhamos para as menores, isso não é uma realidade.”
“Um incidente cibernético no Brasil custa, em média, mais de R$ 6 milhões e não são raros os casos em que as empresas precisam encerrar as operações após o ocorrido”, salienta Paola Neira, CEO da Latú.
Na parceria, a startup usa sua tecnologia para levantar as vulnerabilidades de cada empresa e apontar soluções para mitigar os riscos, enquanto a seguradora analisa cada caso e assume os riscos das apólices (contratos).
“Não existe risco zero, mas, com nosso olhar holístico e educativo para as companhias, é possível adotar uma postura preventiva, fechar potenciais portas abertas para hackers e melhorar a segurança dos ativos digitais”, afirma Paola. “O seguro cyber cobre todas as etapas após um ataque, desde a notificação dos clientes até os honorários advocatícios e pagamento de indenizações e acordos em caso de violação de dados”, garante Romano.
Na Gallagher Brasil, que também comercializa o produto, o número de cotações para seguro cyber vem crescendo entre 20% e 30%. “Em conversa com as seguradoras, verificamos que o número de novos negócios também tem aumentado, mas apresenta um crescimento um pouco menos acelerado em função de uma acomodação de preço, o que não significa que as taxas estão descendo, mas que elas estão indo para um patamar mais estável”, comenta Daniela Reia, head de placement da Gallagher Brasil.
Daniela alerta que é importante que as empresas entendam que, para reduzir os riscos, é necessário um trabalho interno com o apoio de diferentes áreas. “O número de ataques tem crescido bastante, em torno de 20% ao ano. Por isso, precisamos que as companhias se atentem para esses dados e busquem soluções antes que o problema aconteça”, diz.