Risco de pressão alta em crianças aumenta após exposição à fumaça de cigarro
Pesquisa mostrou que problema é mais comum entre aquelas que convivem ou tiveram contato com fumantes

Crianças expostas à fumaça de tabaco têm maior chance de ter pressão alta, revela um novo estudo. De acordo com pesquisa publicada na revista médica JAMA Network Open, 6% delas tinham pressão alta em comparação com 4% daquelas que não tiveram esse tipo de exposição.

O estudo definiu a exposição ao tabaco como uma criança que relata fumar, viver com um fumante ou ter níveis de cotinina sérica, que mede o contato recente à nicotina, maior que 0,05 microgramas por litro.

Os dados foram coletados pela Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, realizada nos Estados Unidos, de 2007 a 2016. Das 8.520 crianças de 8 a 19 anos que foram pesquisadas, 3.690 (43%) haviam tido algum tipo de contato com a fumaça do produto.

Para a Dra. Karen Wilson, presidente do consórcio de tabaco da Academia Americana de Pediatria, que não esteve envolvida no estudo, o resultado é preocupante.

"Achamos que o tabagismo está diminuindo quando, na verdade, a taxa de fumantes adultos está diminuindo, mas as crianças ainda estão expostas", disse Wilson, que também é chefe da divisão de pediatria geral na Escola de Medicina Monte Sinai e no Hospital Infantil Monte Sinai Kravis.

Essa exposição pode criar um efeito cascata de consequências negativas que persistem na idade adulta, disse a autora do estudo, Dra. Rebecca Levy, pesquisadora em nefrologia adulta e pediátrica do Centro Médico Montefiore, no Bronx, em Nova York.

Segundo Levy, crianças que estão perto de pais e adultos que fumam têm maior probabilidade de começarem a fumar.

Ela também lembra que a pressão alta pode ser um fator de risco para doenças cardiovasculares e outras complicações mais tarde na vida. Uma das maneiras de lidar com o problema são medicamentos, mas "ninguém quer ter que dar a uma criança medicamentos para pressão arterial", disse Wilson.

O estudo também descobriu que 16% das crianças expostas ao cigarro tinham pressão arterial elevada, em comparação com 11% das crianças que não foram expostas. A pressão arterial elevada é definida na pesquisa como níveis superiores ao percentil 90 para os percentis de idade, sexo e altura de uma criança, enquanto a pressão alta se refere àqueles acima do percentil 95.

Pandemia pode piorar situação

Desde o início da pandemia, Wilson diz que ouve relatos de aumento do tabagismo e o do uso de maconha dentro de casa. Isso pode elevar o número de crianças expostas, tanto por seus pais quanto por seus vizinhos, se morarem perto de outras pessoas.

“Se alguém não pode sair para fumar um cigarro porque está em quarentena ou isolamento por Covid, é mais provável que fume em seu apartamento ou em sua casa”, explica.

Como proteger as crianças

Wilson defende que os pais usem esse tempo como uma oportunidade para educar os filhos sobre os efeitos negativos do fumo e encorajá-los a resistir à pressão dos colegas.

Ela afirma que aqueles que desejam proteger as crianças do fumo passivo devem considerar parar de fumar porque é "o melhor que podem fazer por sua própria saúde e pela saúde de seus filhos".

Há uma infinidade de recursos para fumantes que desejam parar de fumar, destaca a médica, como terapia de reposição de nicotina e outros medicamentos. Ela acredita que a chave para ajudar as crianças a não serem expostas no futuro é reduzir o índice geral de fumantes.

Se você ou seu filho tiver pressão alta, Wilson recomenda que você consulte um médico de atenção primária para obter orientação sobre o tratamento.

(Megan Marples)

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