Governo prepara taxação de big techs para subsidiar internet no país
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A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja retomar neste ano a formulação de um projeto de lei para cobrar taxas das big techs

As grandes empresas de tecnologia estão sob crescente escrutínio de governos ao redor do mundo, enfrentando regulações rigorosas nos Estados Unidos e na Europa por questões que vão desde privacidade e concorrência até seu impacto na economia digital. Agora, o governo brasileiro também pretende intensificar a fiscalização e criar uma taxação específica para essas companhias.

A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja retomar neste ano a formulação de um projeto de lei para cobrar taxas das big techs, que dominam o tráfego de internet no Brasil. As principais empresas que podem ser afetadas incluem Meta (controladora de WhatsApp, Instagram e Facebook), Alphabet (dona do Google e YouTube), Microsoft, Amazon, Apple e Netflix. O objetivo, segundo o governo, é direcionar os recursos arrecadados para subsidiar o acesso à internet para pessoas de baixa renda.

"O Brasil tem um mercado enorme e essas empresas faturam cifras bilionárias no país. Nada mais justo do que elas contribuírem de alguma forma", declarou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, durante o Mobile World Congress (MWC), em Barcelona.

A ideia de taxar as big techs não é nova. O governo já havia planejado enviar um projeto ao Congresso no ano passado, mas, segundo o ministro, a iniciativa não avançou devido à sobrecarga da agenda legislativa. Agora, a proposta volta ao debate com apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que pretende incluí-la entre as prioridades da pauta econômica do governo.

Apesar do interesse em avançar com o projeto, Juscelino reconhece que a discussão será complexa, especialmente após as dificuldades enfrentadas na tentativa de regulamentar a atuação das empresas de tecnologia e moderar conteúdos nas redes sociais. O tema gerou fortes embates políticos e resistência dentro do Congresso.

"Não é um debate simples, dadas as circunstâncias políticas do momento. Mas estamos dialogando tanto com os parlamentares quanto com as próprias empresas para chegar a um consenso", afirmou o ministro. Ele acredita que o ambiente no Congresso está mais favorável este ano, e que há alinhamento entre as lideranças da Câmara e do Senado para avançar com a proposta.

Se o projeto for adiante, sua tramitação poderá ocorrer em meio a tensões políticas internacionais. Muitas das grandes empresas de tecnologia americanas mantêm uma relação próxima com o governo dos Estados Unidos, e há receios de possíveis retaliações por parte da administração de Donald Trump. Além disso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem protagonizado embates com plataformas como o X, de Elon Musk, e o Rumble, acusadas de disseminar desinformação e de desafiar decisões judiciais brasileiras.

Nos últimos meses, Moraes aplicou sanções contra essas empresas, determinando a remoção de conteúdos e o bloqueio de contas, o que provocou reações dos Estados Unidos. O ministro se tornou alvo de uma ação judicial movida pela Rumble e pela Trump Media, que o acusam de violar a soberania americana.

Questionado sobre o impacto dessas tensões no andamento do projeto de taxação, Juscelino Filho admitiu que o cenário político pode influenciar a tramitação, mas minimizou o risco de impasses insuperáveis. "É claro que essas questões afetam de alguma forma, mas são desafios que já estamos lidando há algum tempo", ponderou.

O ministro também descartou preocupações com possíveis represálias do governo americano, destacando que o próprio Congresso dos EUA discute a criação de fundos setoriais para regulamentar as big techs. "Nosso objetivo é abrir o debate e buscar uma solução equilibrada para essa questão", concluiu.

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