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Economista do Inter prevê dólar a R$ 5,70 no fim de 2025

As projeções do Inter indicam que o dólar à vista deve permanecer na faixa entre R$ 5,50 e R$ 5,60 nos próximos meses

O dólar à vista caiu abaixo de R$ 5,50 na última segunda-feira, alcançando a menor cotação frente ao real desde meados de outubro do ano passado. No acumulado de 2025, a moeda norte-americana já registra desvalorização de aproximadamente 11% frente à divisa brasileira, acompanhando um movimento global de enfraquecimento do dólar.

No cenário internacional, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes — acumula queda de 9% desde janeiro, influenciado por incertezas políticas nos Estados Unidos, em especial após o retorno de Donald Trump à presidência. Segundo o economista sênior do Inter, André Valério, o cenário atual é caracterizado por volatilidade elevada e perspectiva de curto prazo de uma moeda americana mais fraca, influenciada principalmente por fatores externos.

As projeções do Inter indicam que o dólar à vista deve permanecer na faixa entre R$ 5,50 e R$ 5,60 nos próximos meses. No entanto, há expectativa de leve desvalorização do real até o fim do ano, com a taxa de câmbio encerrando 2025 em torno de R$ 5,70. Essa estimativa considera, entre outros fatores, uma potencial saída de capitais em dezembro, ainda que em volume inferior ao observado no fim de 2024 — período que registrou a maior fuga de recursos da história recente do país.

O banco destaca ainda que, apesar da melhora recente no câmbio, o ambiente político-eleitoral doméstico e a aproximação do ciclo eleitoral nos Estados Unidos tendem a intensificar a volatilidade no segundo semestre. A correção mais acentuada da moeda americana no primeiro semestre, segundo Valério, também reflete uma reprecificação do ativo após a valorização excessiva registrada no ano anterior, quando o dólar encerrou 2024 cotado próximo a R$ 6,20, com alta de quase 28% frente ao real.

No campo externo, as medidas comerciais anunciadas pelo presidente Trump, incluindo a imposição de tarifas recíprocas sobre importações, também contribuíram para a instabilidade. Embora parte dessas decisões tenha sido posteriormente flexibilizada, o ambiente permanece incerto. O conceito de “TACO Trade” — referência ao padrão de Trump em recuar de decisões econômicas — tem sido recorrente nas análises de mercado.

Apesar da instabilidade, o Inter avalia que ainda é prematuro decretar o fim do chamado “excepcionalismo americano”. Indicadores como crescimento econômico, solidez no mercado de trabalho e inflação controlada seguem sustentando a confiança dos investidores na resiliência da economia dos EUA.

No âmbito geopolítico, tensões recentes envolvendo Israel e Irã provocaram uma breve oscilação nos mercados, mas o impacto sobre o câmbio brasileiro foi pontual. Segundo relatório do Inter, a depreciação inicial do real foi neutralizada ainda no mesmo pregão, indicando baixa sensibilidade do mercado local aos desdobramentos externos naquele momento. O banco ressalta, no entanto, que a elevação dos preços internacionais do petróleo, em decorrência de eventuais conflitos no Oriente Médio, pode beneficiar países exportadores de commodities como o Brasil, que mantém superávit expressivo em derivados de petróleo.

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