A Nestlé investirá R$ 7 bilhões no Brasil entre 2025 e 2028 em um novo ciclo de modernização industrial, ampliação de capacidade produtiva, sustentabilidade e inovação tecnológica. O valor supera os R$ 6,5 bilhões investidos no triênio anterior e reforça o peso da operação brasileira, que é a terceira maior da companhia no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, segundo o CEO da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior.
Em 2024, o faturamento da subsidiária brasileira foi de 4,040 bilhões de francos suíços, cerca de R$ 27 bilhões, um crescimento de aproximadamente 15% em relação ao ano anterior. Parte desse desempenho é sustentada por investimentos em tecnologia de ponta nas fábricas, como na nova unidade da Purina em Vargeão (SC), voltada para nutrição animal. A planta opera no modelo de indústria 4.0, com uso de inteligência artificial, robótica e internet das coisas, e funciona como plataforma de exportação para América Latina, Estados Unidos e Europa, especialmente no segmento de alimentos úmidos para pets.
A fábrica recebeu R$ 2,5 bilhões do ciclo anterior e se tornou referência em automação industrial. Sistemas integrados monitoram o desempenho das máquinas em tempo real, acionam reabastecimento por veículos autônomos e realizam previsões de falhas com base em indicadores internos.
Entre as unidades contempladas no novo ciclo de investimentos está a fábrica de Araras (SP), inaugurada em 1921 para a produção de Leite Moça. Hoje, a planta é uma das maiores da Nestlé no país e exporta produtos como o Nescafé. O aporte servirá para modernizar processos e reforçar o posicionamento internacional da unidade.
Os investimentos da Nestlé também abrangem o fortalecimento da cadeia de fornecedores. A empresa mantém encontros mensais com produtores de diferentes áreas para promover o intercâmbio de boas práticas, rastrear a origem de insumos e garantir padrões ambientais e sanitários mais rigorosos. A preocupação com a sucessão no campo também faz parte da estratégia: a empresa investe na capacitação de jovens filhos de produtores para que permaneçam no setor, utilizando inovações como drones, bioinsumos e inteligência artificial.
Com os preços do cacau e do café pressionados por eventos climáticos, a empresa precisou adaptar processos e reformular produtos para mitigar os efeitos da inflação nas matérias-primas. Segundo Melchior, o café já apresenta sinais de normalização, enquanto o cacau continua pressionado, o que exigiu reinvenção na produção, marketing e desenvolvimento de novas soluções.
A Nestlé emprega mais de 30 mil pessoas no Brasil, opera 18 fábricas em sete estados e mantém uma rede de 12 centros de distribuição e mais de 70 brokers responsáveis por atividades comerciais e logísticas.