A XP Investimentos revisou para baixo sua projeção de inflação para 2025, passando de 4,5% para 4,3%, após novos sinais de desaceleração nos preços de alimentos e bens industrializados. A avaliação ocorre na esteira do IPCA-15 de novembro, que registrou mais uma rodada de deflação nesses segmentos e refletiu o comportamento recente dos índices de preços ao atacado. Segundo o economista Alexandre Maluf, a prévia mostrou uma dinâmica considerada benigna para o curto prazo e contribuiu para a redução das estimativas.
A média das medidas de núcleo, que excluem itens mais voláteis da inflação, caiu para 3,4% no mês, o menor nível de 2025. Maluf afirma que a tendência recente das coletas de preços embasou o novo cenário da XP, que projeta continuidade do ambiente favorável ao longo dos próximos meses. A perspectiva para bens industrializados segue ancorada em um IPA-FGV ainda baixo, apesar de ter deixado o campo negativo, o que sustenta a expectativa de alta moderada ao consumidor. A instituição estima inflação de 2,3% para o grupo em 2025 e de 2,6% em 2026.
No caso dos alimentos, a consultoria aponta que os preços devem permanecer próximos de níveis historicamente baixos no próximo ano. O índice internacional CRB de alimentos recuou 17% no semestre até novembro, e condições climáticas favoráveis têm reforçado a oferta, reduzindo pressões no curto prazo. Parte desse quadro deve se estender para 2026, especialmente pela queda em itens como cacau e café. A casa observa, entretanto, que proteínas tendem a subir no segundo semestre de 2025 por conta da inversão no ciclo da pecuária, embora o impacto deva ser mitigado pela oferta elevada de frango e ovos.
Os serviços registraram moderação recente, com destaque para a terceira queda consecutiva dos seguros de veículos em novembro, de 1,5%, item que influenciou diretamente a melhora das métricas subjacentes. Apesar do alívio, serviços intensivos em mão de obra continuam pressionados, refletindo o mercado de trabalho aquecido. A XP projeta alguma moderação no grupo, impulsionada pela queda das expectativas de inflação, mas ainda em níveis superiores à meta oficial de 3%. As estimativas apontam inflação de serviços de 6,2% em 2025 e 5,3% em 2026.
Itens monitorados também não apresentaram mudanças relevantes. A Aneel manteve a bandeira amarela para dezembro, e a XP trabalha com esse cenário até o fim de 2026. Caso o último trimestre seja mais chuvoso, o El Niño pode levar ao acionamento da bandeira verde, com impacto estimado de −0,1 ponto percentual no IPCA. A instituição não prevê reajustes nos combustíveis no próximo ano.
Para 2026, a XP manteve a projeção de inflação em 4,2%, número que permanece acima da meta, mas dentro do intervalo de tolerância permitido.









