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B3 deve encerrar 2025 com maior entrada de capital estrangeiro em dois anos

Analistas projetam continuidade do fluxo externo para 2026, ainda que eleições tragam cautela

O ingresso de capital estrangeiro na B3 deve encerrar 2025 no melhor patamar dos últimos dois anos e, segundo analistas, a tendência é de continuidade do fluxo positivo em 2026. A avaliação decorre da expectativa de novas reduções de juros pelo Federal Reserve e do início do afrouxamento da Selic, fatores que alteram a dinâmica de arbitragem entre Brasil e Estados Unidos, mas ainda mantêm os ativos brasileiros atrativos.

Mesmo com a perspectiva de queda da taxa básica doméstica, especialistas afirmam que o diferencial de juros continuará favorável ao Brasil, o que tende a sustentar o movimento de entrada de recursos, especialmente em um cenário em que a Bolsa é percebida como “barata”. O principal ponto de incerteza no radar dos investidores, afirmam analistas, é a eleição presidencial de 2026.

Em novembro, houve entrada líquida de R$ 2,061 bilhões por parte de estrangeiros, elevando para R$ 27,347 bilhões o saldo positivo no acumulado do ano. O resultado contrasta com 2024, quando houve saída líquida de R$ 32,1 bilhões, após ingressos de R$ 44,8 bilhões em 2023. O mês também reverteu o movimento de outubro, que havia registrado saída de R$ 1,226 bilhão. Com isso, 2025 soma oito meses de ingresso, enquanto apenas abril, julho e outubro registraram retiradas.

O comportamento do fluxo ao longo de novembro, porém, foi marcado por volatilidade. Até o dia 10, o saldo era negativo, com pico de saída de R$ 1,75 bilhão em 4 de novembro. A virada ocorreu no dia 11, quando o movimento acumulado passou a mostrar entrada de R$ 1,049 bilhão. Nos últimos seis dias úteis do mês, de 21 a 28, houve novas saídas diárias que totalizaram R$ 5,277 bilhões.

Segundo Bruno Takeo, estrategista da Potenza, parte da cautela observada no início de novembro esteve ligada às incertezas envolvendo inteligência artificial. Ele afirma que, após um período marcado por dúvidas sobre a lucratividade do setor, investidores reduziram posições em emergentes. O resultado acima do esperado apresentado pela Nvidia no terceiro trimestre, contudo, contribuiu para recuperação do apetite por risco, ainda que não tenha dissipado todas as dúvidas.

Felipe Sant’ Anna, do grupo Axia, observa que o fim do ano tende a trazer fatores sazonais de saída, como remessas corporativas, fechamento de caixa e pagamentos de bônus e dividendos. Ainda assim, ele avalia que cortes adicionais de juros nos Estados Unidos poderiam reforçar a procura por ativos brasileiros. O especialista pondera, no entanto, que a manutenção do fluxo em 2026 pode ser afetada pela proximidade das eleições presidenciais.

A atratividade do Brasil hoje está associada sobretudo ao diferencial de juros. A Selic está em 15% ao ano, enquanto os EUA operam com taxa básica entre 3,75% e 4%, o menor patamar desde 2022. Para analistas, essa distância ainda sustenta uma arbitragem favorável aos investidores estrangeiros, mesmo num ambiente global de juros descendentes.

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