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Bancos estruturam empréstimo de R$ 12 bilhões aos Correios com divisão entre públicos e privados

Caixa, BB, Bradesco, Itaú e Santander estruturam crédito aos Correios com juros dentro do teto do Tesouro

Cinco bancos apresentaram nesta sexta-feira uma proposta de empréstimo de R$ 12 bilhões aos Correios, estruturada com divisão igual entre instituições públicas e privadas. Segundo apurou o Estadão, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil devem emprestar R$ 3 bilhões cada, enquanto o Bradesco também ficaria responsável por R$ 3 bilhões. Itaú e Santander completariam a operação com R$ 1,5 bilhão cada.

A expectativa, de acordo com interlocutores envolvidos nas negociações, é que a nova proposta obtenha aprovação do Tesouro Nacional, uma vez que as taxas de juros previstas estariam limitadas a até 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), teto definido pelo Comitê de Garantias do Tesouro para operações com garantia da União.

As tratativas ganharam novo impulso após a entrada da Caixa Econômica Federal no grupo de instituições dispostas a conceder o crédito, movimento que havia sido antecipado pela Coluna do Estadão. A participação de bancos públicos foi considerada decisiva para viabilizar a estrutura final da operação, após impasses registrados nas rodadas anteriores de negociação.

O valor agora proposto, no entanto, é inferior aos R$ 20 bilhões estimados no plano de reestruturação dos Correios como necessários para cobrir todas as obrigações financeiras da empresa até dezembro de 2026. Ainda assim, o montante é visto como suficiente para dar fôlego de curto prazo à estatal, permitindo o cumprimento de compromissos imediatos, como o pagamento do 13º salário dos funcionários, a regularização de débitos com fornecedores e o atendimento de outras obrigações financeiras.

No início do mês, o Tesouro Nacional rejeitou uma proposta de financiamento no valor originalmente pleiteado pela empresa. Na ocasião, o mesmo grupo de cinco bancos havia cobrado juros equivalentes a 136% do CDI, percentual considerado excessivo para uma operação com garantia soberana. O Tesouro avaliou que a taxa ultrapassava o limite estabelecido e vetou a operação.

Os Correios acumulam prejuízo de R$ 6,05 bilhões entre janeiro e setembro deste ano e buscam recursos para reequilibrar suas contas. Desde 2022, o resultado negativo da estatal soma aproximadamente R$ 10 bilhões. A empresa pretende utilizar parte dos recursos do empréstimo para quitar uma dívida estimada em R$ 1,8 bilhão, pagar fornecedores em atraso, financiar um programa de desligamento voluntário e realizar investimentos voltados à recuperação de participação no mercado de encomendas e à diversificação de fontes de receita.

Para voltar ao lucro em 2027, a estatal terá de passar por um processo de reestruturação considerado complexo. Segundo pessoas próximas à companhia, a atual diretoria trabalha com a necessidade de um ajuste anual entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões, combinando cortes de despesas e aumento de receitas. Analistas avaliam que o desafio é elevado, diante do histórico recente de prejuízos e das restrições operacionais e orçamentárias.

Procurados, Banco do Brasil e Caixa não comentaram a operação. Itaú, Bradesco e Santander também não se manifestaram até a publicação deste texto. Os Correios, por sua vez, informaram que não comentam negociações em andamento. Conforme antecipado pelo Estadão, a estatal decidiu postergar a contratação dos aprovados no concurso realizado em 2024, com previsão de admissões apenas a partir de 2027.

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